Palco Imaginário
“...Uma tarde Davi
levantou-se da cama e foi passear pelo terraço do palácio. Do terraço viu uma
mulher muito bonita, tomando banho; e mandou alguém procurar saber quem era.
Disseram-lhe: "É Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o
hitita"; Davi mandou que a trouxessem e se deitou com ela, que havia acabado
de se purificar da impureza da sua menstruação. Depois, voltou para casa; A
mulher engravidou e mandou um recado a Davi, dizendo que estava grávida; Em
face disso, Davi mandou esta mensagem a Joabe: "Envie-me Urias, o
hitita". E Joabe o enviou...”
(2Sm 11: 1-6 ARC)
Nossa mente vaga na desesperança de um dia após o outro, montamos em
nossas mentes um palco imaginário, onde nunca somos os coadjuvantes, sempre
somos os protagonistas, será que isto é bom ou mal? Até que ponto o ego é
saudável e em que momento ele torna-se inimigo de Deus?
Temos em nós três elementos psíquicos: o ID, o Ego e o Superego.
O
id contém a nossa energia psíquica básica, ou a libido, e se expressa
por meio da redução de tensão. Assim, agimos na tentativa de reduzir essa
tensão a um nível mais tolerável. Para satisfazer às necessidades e manter um
nìvel confortável de tensão, é necessário interagir com o mundo real. Por
exemplo: as pessoas famintas devem ir em busca de comida, caso queiram
descarregar a tensão induzida pela fome. Portanto, é necessário estabelecer
alguma espécie de ligação adequada entre as demandas do id e a
realidade.
O ego serve como mediador, um facilitador da interação entre o id e as circunstâncias do mundo externo. O ego representa a razão ou a racionalidade, ao contrário da paixão insistente e irracional do id. Freud chamava o ego de ich, traduzido para o inglês como "I" (Eu" em português). Ele não gostava da palavra ego e raramente a usava. Enquanto o id anseia cegamente e ignora a realidade, o ego tem consciência da realidade, manipula-a e, dessa forma, regula o id. O ego obedece ao princípio da realidade, refreando as demandas em busca do prazer até encontrar o objeto apropriado para satisfazer a necessidade e reduzir a tensão.
O
ego não existe sem o id; ao contrário, o ego extrai sua
força do id. O ego existe para ajudar o id e está
constantemente lutando para satisfazer os instintos do id. Freud comparava a interação entre o ego
e o id com o cavaleiro montando um cavalo fornece energia para mover o cavaleiro
pela trilha, mas a força do animal deve ser conduzida ou refreada com as
rédeas, senão acaba derrotando o ego racional.
O
superego representa a moralidade. Freud descreveu-o como o "defensor da luta em busca da
perfeição - o superego é, resumindo, o máximo assimilado
psicologicamente pelo indivíduo do que é considerado o lado superior da vida
humana" (Freud, 1933, p. 67). Observe-se então, que, obviamente, o superego
estará em conflito com o id. Ao contrário do ego, que tenta adiar
a satisfação do id para momentos e lugares mais adequados, o superego
tenta inibir a completa satisfação do id.
Assim Freud imaginava a constante luta dentro da personalidade quando o ego é pressionado pelas forças contrárias insistentes. O ego deve tentar retardar os ímpetos agressivos e sexuais do id, perceber e manipular a realidade para aliviar a tensão resultante, e lidar com a busca do superego pela perfeição. E, quando o ego é pressionado demais, o resultado é a condição definida por Freud como ansiedade.
*Id:
fonte de energia psíquica e o aspecto da personalidade relacionado aos
instintos.
**Ego:
aspecto racional da personalidade responsável pelo controle dos instintos.
***Superego:
o aspecto moral da personalidade, produto da internalização dos valores e padrões
recebidos dos pais e da sociedade.
Em outras palavras:
ID: Constitui o reservatório de energia
psiquica, é onde se localizam as pulsões de vida e de morte. As características
atribuídas ao sistema incosciente. É regido pelo princípio do prazer (Psiquê que
visa apenas o prazer do indivíduo).
EGO: É o sistema que estabelece o
equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da realidade e as ordens do
superego. A verdadeira personalidade, que decide se acata as decisões do (Id)
ou do (Superego).
SUPEREGO:
Origina-se com o complexo do Édipo, a partir da internalização das proibições,
dos limites e da autoridade. (É algo além do ego que fica sempre te censurando
e dizendo: Isso não está certo, não faça aquilo, não faça isso, ou seja, aquela
que dói quando prejudicamos alguém, é o nosso "freio").
No palco imaginário
de Davi, ele acreditava que pelo fato de ser o protagonista de Israel, poderia
fazer o que bem entendesse, no palco imaginário de Davi, poderia cometer
adultério e assassinato.
É interessante como
nossa mente produz saídas espetaculares e acertos, já dizia a canção que somos
suspeitos de um crime perfeito, mais crime perfeito não deixam suspeitos.
Mais estas saídas
espetaculares sempre dão erradas, pois são frutos do nosso Id, Ego e Superego
Davi já havia
criado um palco imaginário seu ID estava dominando nada que o Ego ou Superego
pudessem vir a fazer daria conta de equilibrar o senso comum, logo cria-se
imediatamente a ideia de possuir a mulher, trazer o esposo para assumir a
gravidez, manda-o de volta, mata-o, a criança morre e por ultimo vem o profeta
para traze-lo de volta a realidade.
Como nos parece um
quadro muito típico, quantos e quantos lideres, sobem em seus palcos imaginários,
pensando que são intocáveis, e desta forma, cometem toda a classe de pecado
voluntário, acreditando que são reis e estão acima da razão, mais lembrem-se
que quando Davi inquere quem é esta bela mulher a resposta foi: Ela é
Bate-Seba, filha de Eliã um importante aliado de Davi, e esposa de Hurias um
bom soldado do seu reino, seu ID poderia ter ficado satisfeito com a informação
que o superego enviou ao seu cérebro dizendo, olhe Eliã é seu aliado, com os
aliados devemos manter amizade e cordialidade, ela é esposa de Hurias seu
soldado de respeito, não se trai a própria casa, porem, no palco imaginário de
Davi, ele poderia se deitar com esta mulher.
O banho
representava que estava livre de sua regra menstrual, mais uma vez seu ID
deveria ter ficado satisfeito com a informação, que o ego e o superego
transmitiram, olhe uma mulher purificada é o mesmo que um mulher fértil seu
pecado trará consequências. Que coisa mais triste.
Lideres sentam-se
em suas plataformas afirmando somos reis, cometem pecado de usurpação igual que
Davi, cometem mortes espirituais, e os profetas, pregadores anunciando uma
mensagem que é incapaz de corrigir seus erros.
Meu convite, saia
de seu palco imaginário, ou então, mais cedo ou mais tarde os profetas irão
mostrar para você a sua realidade.
Atte
Pr.Dr. Wagner Teruel
Nenhum comentário:
Postar um comentário