Deus
Procura pelos Pioneiros do último Avivamento
Certa vez, apareceu diante
dos olhos aguçados do profeta Ezequiel o quadro comovente do Todo-poderoso
descendo para vasculhar as ruas e habitações de Jerusalém. Deus procurando por
um homem! Um homem que pudesse abrir o caminho, que voltasse aos altares do
Senhor, e que convocasse outros para o acompanhar. Um homem, em suma, que fosse
um pioneiro no caminho para o avivamento. Surpreendentemente, Deus não conseguiu
achar tal pessoa chave. Consequentemente, Jerusalém e Judá continuaram
caminhando para sua ruína em 586 a. C., espiritualmente sem despertamento e sem
renovação.
Agora, mude de contexto
histórico. Venha para a atualidade. No lugar do templo, coloque a igreja. E
então lembre-se de Ezequiel 22.30: “...Busquei
entre eles um homem que levantasse o muro, e se pusesse na brecha perante mim
por esta terra, para que eu não a destruísse, mas a ninguém achei...”
(Ez.22:30)
Não existem numerosas
“brechas” ou “rupturas” hoje? Lembre-se que Deus está procurando pessoas –
pessoas que estejam alertas ao perigo e sensíveis à necessidade, homens que vão
fechar as brechas, e que tomarão posições corajosas em favor de uma retomada
espiritual contra todas as forças apóstatas que se opõem a Cristo.
A pergunta que levanto
agora é simples e profunda: como podemos nós – você e eu – responder a este
chamado de Deus?
Enfrente os Fatos
Primeiro teremos que abrir
nossos olhos aos fatos. “Faze-lhe conhecer, pois, todas as suas abominações”,
foi a ordem que veio a Ezequiel (22.2). Mas Jerusalém queria ver? Não! Ela
preferiu continuar vivendo no seu paraíso enganoso de prosperidade iníqua.
Considere estes flashes de
denúncias em Ezequiel: “...Fizeste-te
culpada, e pelos teus ídolos que fabricaste te contaminaste... Os príncipes de
Israel, cada um conforme o seu poder, tiveram domínio sobre ti (abusaram do
poder) ... As minhas coisas santas
desprezaste, e os meus sábados profanaste... No meio de ti cometem perversidade
... Os príncipes (líderes) são como lobos que arrebatam a presa... Os
sacerdotes transgridem a minha lei, e profanam as minhas coisas santas...”
O Espírito de Deus não tem
prazer algum em publicar ou divulgar estas falhas degradantes e perversas da
sociedade e da igreja. Ele as traz à tona por uma única razão: para bombardear
nossa consciência. Temos que ser despertados, nem que seja através de flechadas
divinas, senão a sentença de juízo, com mais tempo ou menos tempo, soará sobre
nossas cabeças descobertas.
Como os avivamentos sempre
começam dentro da igreja, é indispensável para sua chegada que nós que estamos
de dentro enfrentemos os fatos. Conselhos poderosos de igrejas e conferências
se reúnem, aprovam resolução após resolução, fazem pronunciamento após pronunciamento,
enchem o ar com palavras sofisticadas, e daí? Os grandes deste mundo já
descobriram que os que se chamam “filhos de Deus” não são muito sérios. Se
fossem, começariam a pôr em ordem sua própria casa.
Enfrente a Verdade Sobre Si Mesmo
Além disso, se você quiser
ser um dos instrumentos de Deus para o avivamento, terá de começar consigo
mesmo. Um dos provérbios poderia ser aplicado aqui, com toda sua aspereza,
àqueles que são chamados por Deus para promover o avivamento. “Os olhos do
louco vagam pelas extremidades da terra” (Pv.17:24). Isto significa que o louco
se recusa a enfrentar as realidades da sua própria vida. Um escritor popular
sobre psiquiatria prática disse certa vez: “Embora você esteja mais interessado
em si mesmo do que em qualquer outra coisa no mundo, ainda assim possui uma
característica extremamente estranha – uma indisposição de enfrentar a verdade
sobre si mesmo!”
Se quisermos ter
avivamento espiritual nas nossas igrejas, teremos de alguma forma de combater
esta mania de confessar os pecados dos outros ao invés dos nossos próprios. Ao
criticar outras pessoas, estamos tentando esconder nossas próprias falhas. Isto
é fatal para o bem da nossa alma. É fatal para a vinda e continuidade do
avivamento.
Por volta de 1830, Charles
Finney foi o instrumento do Espírito de Deus para trazer avivamento para a
cidade de Rochester, Nova York e região. Como resultado, mais de 100.000
pessoas entraram nas igrejas como cristãos recém-convertidos. Nas suas
palavras: “Um avivamento religioso pode ser esperado quando cristãos começam a
confessar seus pecados uns aos outros”. Se outra pessoa não fosse encontrada
para confirmar sua declaração, teríamos o apóstolo Tiago, que escreveu:
“Confessai os vossos pecados uns aos outros... para serdes curados” (Tg 5.16).
Orar por um avivamento é
algo que custa caro. Antes de podermos ter regozijo espiritual, precisamos ter
humilhação espiritual. E isto não começa com o outro irmão, mas comigo mesmo.
“Falemos claramente, de uma vez por todas,” diz Cecil Rose, “auto-exame honesto
e introspecção não são a mesma coisa. ‘Introspecção’ é olhar para dentro de si,
mas não fazer nada a respeito. ‘Auto-exame’ significa permitir que Deus lhe dê
um checape geral com vistas a uma cura radical.”
É a cura radical que
precisamos, senão continuaremos a ser parte do problema ao invés de parte da
solução.
Obediência Sacrificial a Deus
Uma terceira coisa que se
requer de nós, se quisermos ser pioneiros do avivamento, é prestar a Deus
obediência sacrificial. Ouça novamente o que Deus diz: “Busquei entre eles um
homem que levantasse o muro, e se pusesse na brecha perante mim por esta terra,
para que eu não a destruísse...” Este não é um serviço simples. Exige heroísmo,
a disposição de suportar adversidade.
O problema com noventa por
cento dos membros de igreja é que entramos no clube do conforto, e deixaríamos
o mundo ir para o inferno antes de causar inconveniência a nós mesmos por amor
ao Evangelho. Somos vítimas enganadas de sentimentalismo religioso, o que
aparece por exemplo na maneira em que transbordamos de entusiasmo em torno de
projetos aos quais estamos ligados, ou que favorecem nossos amigos e parentes,
enquanto ao mesmo tempo friamente ignoramos as responsabilidades normais de
discípulos de Jesus, e a chamada constante para ganhar almas.
O mundo eclesiástico está
cheio de cristãos e até de líderes que, mesmo por amor do crucificado Filho de
Deus, não se dispõem a sacrificar seu conforto para realizar uma tarefa que
somente discípulos totalmente dedicados podem fazer!
Os pioneiros de avivamento
precisam ver como tal discipulado é vazio e ineficaz. Precisam parar de se
desculpar por não oferecer uma obediência total ao Senhor Jesus, seja qual for
seu custo. Muitas vezes estamos falando sobre ministério de tempo integral,
quando deveríamos estar acertando antes nossa entrega de coração total
para Deus. Não podemos ficar brincando com palavras. O que se requer são
entrega e obediência reais.
Poder de Propagação
Para sermos pioneiros de
avivamento, temos mencionado três coisas: (1) Enfrente os fatos;
(2) Comece consigo mesmo;
(3) Ofereça a Deus
obediência sacrificial.
Há uma quarta palavra que
gostaria de incluir: Acredite no poder de propagação do avivamento.
Uma fraqueza da nossa
cultura com sua mentalidade de marketing é que colocamos propaganda no lugar da
propagação. Propagação é quando algo se estende e multiplica em virtude da
liberação de forças interiores – a força da verdade, do amor, e da boa vontade.
Não é um processo artificial; é vital.
O avivamento, depois de
iniciado, tem um jeito de expandir-se numa reação em cadeia, justamente como a
liberação de energia atômica. Um punhado de homens e mulheres humildes em
Jerusalém experimentaram avivamento no dia de Pentecoste. Havia apenas umas
cento e vinte pessoas. Mas o que receberam de Deus tinha o poder da
autopropagação. Espalhou-se de forma tão impressionante pelo Império Romano,
que alguns historiadores estimam que dez milhões de pessoas foram alcançadas
pelo movimento cristão no primeiro século.
Geralmente tudo começa com
a união de algumas poucas mentes e corações numa comunhão de preocupações
comuns, e companheirismo de oração com confissão de pecados. Foi isto que
aconteceu na Inglaterra no século 18. Wesley e Whitefield pregavam nos campos
abertos para até 20.000 pessoas de uma só vez. Mas isto só aconteceu depois que
a reação em cadeia havia alcançado plenamente o estágio de explosão. Começou
com um pequeno grupo de homens na Universidade Oxford, que estavam preocupados
sobre o avivamento nas suas próprias almas e na vida dos cristãos da
Grã-Bretanha.
O Dr. J. Edwin Orr diz que
o avivamento mais equilibrado e menos emotivo dos tempos modernos foi aquele
que tomou conta dos Estados Unidos a partir de 1857. Houve um mínimo de fogo
estranho, e um máximo de poder puramente espiritual. Começou, pelo menos
naquele país, quando um homem solitário, Jeremiah Lamphier, ajoelhou-se em
oração numa Igreja Reformada na Rua Fulton na cidade de Nova York. Alguns
outros começaram a juntar-se a ele. A nação estava numa condição terrível. O
crime estava alarmante. Por isto era um tempo propício para orar e propagar
avivamento. Não demorou muito para esta célula, que começara com uma pessoa e
crescera para cinco, transformar-se num tremendo movimento de oração
intercessória. Quatro mil pessoas abarrotavam o Salão Jayden em Nova York para
orar ao meio-dia. Conversões começaram a acontecer. O país inteiro foi abalado.
Quando o despertamento estava no seu auge, foi estimado que cinqüenta mil
pessoas estavam se convertendo por semana no país inteiro. No decurso do
avivamento, mais de um milhão de pessoas foram acrescentadas às igrejas
cristãs.
Daquela tremenda liberação
de poder espiritual surgiram ministérios evangelísticos como o de Dwight L.
Moody. Vários movimentos poderosos surgiram também, como YMCA e YWCA
(movimentos cristãos para moços e moças), e a Escola Dominical. Estes e outros
foram tremendamente usados por Deus naquela época.
Deus está procurando
pessoas com espíritos angustiados e corações inflamados. Faz mais de cem anos
desde aquele avivamento que acabamos de mencionar, que foi chamado o Grande
Despertamento. Deus quer nos dar um despertamento no nosso século! Ele está
procurando pessoas que possam conduzi-lo, pessoas de espíritos angustiados e
corações purificados e inflamados, e que sejam pioneiros do avivamento. Seu
clamor fervoroso será como aquele de um colega pioneiro de muito tempo atrás, o
profeta Habacuque: “Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, e no meio dos
anos faze-a conhecida; na ira lembra-te da misericórdia” (Hc 3.1).
Atte.
Pr.Dr.
Wagner Teruel