sábado, 20 de julho de 2013

Figuras do Dialogo Teologico-psicanalitico



Figuras do diálogo teológico-psicanalítico
Sigmund Freud desenvolveu a psicanálise na terapia de indivíduos doentes. Mais, com o passar do tempo, ele se interessou mais pelos condicionamentos sócio-psicologicos e culturais das doenças. Apesar de ser extremamente cuidadoso ao transferir os padrões das doenças individuais para a sociedade, ele manteve condições determinantes sob constante investigação. Esse cuidado é menos percebido em seus seguidores, como N.O. Brown, H.Marcuse e E.Fromm. Sua analise da sociedade, com a ajuda dos padrões das doenças individuais, geralmente sobe para as nuvens da especulação e não possui efeito terapêutico. Aqui está um limite da psicoterapia que deve ser observado, se uma metapsicologia não verificável pretende ser evitada: a analise demonstra a doença da sociedade pelo exemplo do homem doente, mais a terapia só pode começar com o individuo. Isso não a torna superflua, já que pessoas doentes não podem ser consoladas pela promessa de um cura posterior da sociedade como um todo. Porem, a terapia deve estar ciente dessa limitação da sua potencialidade, na qual círculos viciosos psicológicos estão ligados a círculos viciosos na sociedade e na política. A transferência de padrões de doenças individuais para a sociedade como um todo não é mais importante que a transferência de uma critica da sociedade para um caso individual. As dimensões são diferentes. Elas se condicionam reciprocamente, de maneira complexa. Elas só podem ser reduzidas de uma para a outra em casos raros. Como na maioria dos contextos históricos, derivações de uma causa só não fazem nenhum sentido.
Freud nunca entrou em uma discussão séria com a teologia dos teólogos da época, sua critica da religião é dirigida à formas “externas da religião” e “ao que o homem comum entende por religião”. Ele estava interessado nas regras religiosas, e nos ritos, e nos símbolos e em suas funções psicológicas; ou seja, nas formas religiosas, e seus pontos de interseção no individuo e na sociedade. As experiências religiosas dos seus pacientes era limitadas à religião vitoriana da Viena de sua época, e ao mundo burguês do século XIX. Mais, os seus próprios problemas religiosos foram, além disso, para uma “religião mosaica”, como foi chamada na época, da sua família, e do judaísmo. Ele era, então, fascinado pela figura de Moises por tradição, na forma da estatua de Michelangelo, em San Pietro, em  Vincoli, e no nível do seu próprio sentimento interior de culpa, que o fez falar sobre o “profeta assassinado”. Ele estava cada vez mais restrito quanto à religião cristã, pois sentia que não podia compreende-la. Porem, Freud descobriu formas patológicas de uma religião privada, que ocorrem entre homens que foram influenciados pelos judaísmo e pelo cristianismo e, de fato, além disso. Sua critica à religião foi atiçada pelo seu interesse pela cura e pela libertação.
Há inúmeros padrões diferentes na conversa entre a psicoterapia e a teologia:
A – A Fé cristã pode se identificar com aquilo que Freud criticou como “religião” ou como a “caricatura da religião”. Nesse caso, ele é considerado o “pior inimigo da religião”, por Marx, uma posição com a qual ocasionalmente concordava. Contudo, um cristianismo que se identifica com a religião, à medida que é atacado e criticado dessa maneira, entregou a sua própria critica da religião. O melhor curso apologético para uma teologia religiosa equivalente seria não rejeitar Freud como um irreligioso, mais demonstrar em sua critica à religião, as implicações religiosas que ele mesmo criticou. Se essa teoria é condicionada pela religião, ela não leva a uma dissolução da religião ao alcance da razão, mais representa uma deslocação do elemento religioso. Essa forma de contra critica apologética, que busca demonstrar recalques do pensamento religioso ao pensamento irreligioso, foi evidentemente tomada pelo posivitismo hoje. Isso ocorre de maneira rara na teologia. Assim como H.Albert e E. Topitsch acusaram a escola de Frankfurt e sua teoria critica de pensamento “quase-teológico” – não sem certo grau da verdade – assim também D. Wyss fez essa observação sobre Marx e Freud.
“...Não pode ser coincidência que Marx e Freud fossem família com a gênese do AT... em ambos a supressão da religião e suas declarações sobre um inicio violento e um final utópico... Parecem emergir novamente em elementos religiosos característicos das concepções míticas e em padrões estereotipados, que, no entanto, não podem ser verificados em termos científicos. É um retorno aquilo que foi recalcado. Aqui os ateístas Marx e Freud se tornam vitimas dos seus próprios recalques...”
A critica da religião encontra dificuldade em escapar do mover escatológico do seu conteúdo. Teólogos que sentem que devem defender a religião cristã contra Freud e positivistas que querem se livrar da religião e da critica da religião, deveriam, no entanto, reconhecer que Freud não identificou religião como neurose. Ele simplesmente viu a neurose como “uma caricatura da religião”, da mesma maneira com que viu a histeria como a caricatura da arte e a paranoia como a caricatura da filosofia. É, portanto, mais apropriado levar a critica de Freud de maneira positiva, a fim de libertar a fé da caricatura dos jogos patológicos que aparecem na superstição.
B – Se pretende se cristã, a fé cristã deve constantemente distinguir entre sua própria forma de religião e sua natureza particular, e faze-lo de maneira autocritica. Nesse caso, a fé não é o mesmo que religião, mais geralmente tem a mesma relação com a religião burguesa e com a religião privada, como Iahweh para Baal, como o crucificado para o príncipe deste mundo, como o Deus vivo para os ídolos da ansiedade. A serviço dessa distinção, a teologia cristã pode adaptar a critica de Marx à religião, de modo a separar a comunhão com Cristo do fetichismo capitalista burguês do ouro e dos bens de consumo, podendo adotar a critica de Freud à religião, a fim de separar a fé libertadora da superstição religiosa do coração. Nesse caso, essa critica da religião é considerada como “aqua fortis” de modo a revelar o ouro da verdadeira fé da escoria da religião, que passou pelo fogo da critica. Essa é a maneira pela qual Karl Barth distingue entre fé e religião, no momento da teologia dialética: “Religião é descrença, superstição e idolatria”. P. Ricoeur, G. Crespy e R. de Pury, o seguem nisso e usam Freud como um trator para abrir o caminho para o evangelho. O evangelho e a critica da religião tratam de matar o “Deus” que os homens trazem ao mundo. De fato, essa constelação de “fé contra a religião” tem um antecessor bíblico na critica profética da religião e, acima de tudo, na adoração cristã do Cristo que foi crucificado como um blasfemo. Por outro lado, a critica iluminista dos ídolos, desde os tempos de Bacon, teve sua base no impacto do AT na proibição contra as imagens. A proibição contra se fazer imagens e semelhanças, se curvando a elas e adorando-as, tem o objetivo de proteger a liberdade de Deus e a liberdade da sua imagem em todo homem. Essa liberdade é perdida onde os preconceitos da tradição ou as ideias fixas da ideologia mantem cativa a compreensão do homem. Ela é perdida onde homens adoram suas próprias obras  e se curvam perante suas próprias criaturas, e onde os objetos que fizeram ganham poder entre eles. O esclarecimento dos preconceitos é, portanto, uma libertação da tutela da tradição. O esclarecimento das condições alienadas da obra é a libertação da escravidão que elas impõem. O esclarecimento de complexos psicológicos, recalques e ilusões, corresponde a esses movimentos direcionados à liberdade por meio da iconoclastia.
C – É teologicamente legitimo aceitar a critica de Freud à religião, como uma negação do negativo, a fim de apresentar um verdadeiro positivo; porem, uma mera distinção entre a fé e suas caricaturas na religião publica e privada, geralmente levam a nada mais que uma não observância e recalque desses fenômenos religiosos. A fim de vence-las, é necessário te-las compreendido. Não é o bastante atribuir tais fenômenos  neuróticos da religião ao mal, combatendo-os mantendo-se próximo a Jesus. Também é necessário descobrir porque o homem é evidentemente tão “incuravelmente religioso” (como supôs Berdyaev), de modo que ele não pode existir sem certas ações e ideias obsessivas, sem “algo que possa se apegar”, e ainda permanecer são. De fato, as obsessões protegem alguns pacientes de psicoses e da perda de realidade. Há formulações de padrões psicológicos que estilizam experiências positivas e negativas. A formação do padrão narcisista oferece tanto proteção, quanto perigo, ao acomodar as inevitáveis idealizações positivas e negativas, que derivam ser quebradas em uma explosão de iconoclastia sem sentido. Isso não traria cura ao paciente, isso faria da iconoclastia uma obsessão fatal.
Uma tentativa de mediar entre os elementos da verdade nos dois padrões sugeriria que seria importante primeiro “aceitar a critica de Freud à religião, como uma tentativa de estender as condições humanas de compreensão às dimensões do inconsciente, para adota-la e compreender sua psicanalise como um “método de encontro de significado”. Porem, nesse caso, devemos perguntar como o home é possuído por desejos e ilusões, tornando-se, portanto, apático, pode ser liberto na situação do Deus crucificado, podendo desenvolver sua humanidade.    À critica de Freud à religião deveria fazer mais que simplesmente ajudar a fé cristã a ser uma compreensão melhor e mais critica de si mesma. Sua psicanalise também deve lhe mostrar as barreiras psicológicas na qual ela pode exercer  seu poder libertador. O homo sympatheticus deveria ser trazido ao campo da força do pathos de Deus e ao sofrimento de Cristo, onde formações de padrões condenam o homem a uma vida de apatia.


Atte.



Pr.Dr. Wagner Teruel
Phd.Db.Dee.Mth.Mcr.Thb\Lic

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