A época da colheita
Amanheceu mais quem queria saber do dia, uma das parentes de Noemi
(Mara), avisa a Rute, olha é a época da colheita da cevada, uma celebração após
a colheita a páscoa para Israel, por que você não vai trabalhar lá, todos os
campos aceitam estrangeiros, funciona assim, todas as espigas altas é para os
estrangeiros, se um judeu estiver colhendo e cair uma espiga no chão é para o
estrangeiro também, voce pode pegar, a vontade, sabe é uma boa oportunidade,
vamos. Mais Rute diz: vou falar com Hamot (sogra), que sem nenhuma fala ela
apenas balança a cabeça em consentimento, e Rute vai ao campo, que dia incrível
sair para conseguir seu sustento com dignidade, dignidade? Serio? Ela tinha que
ir atrás de homens trabalhadores, não era incomum escutar conversinhas, menear
a cabeça, zombarias, humilhações, mais este era o preço por acompanhar uma
israelita.
A palavra cevada em hebraico é: seʽo·ráh; e no grego kri·thé.
Um importante cereal do gênero Hordeum, de amplo cultivo desde os tempos
antigos até agora. Era um dos produtos valiosos que aguardava os israelitas na
Terra da Promessa, e aquela região continua a ser “uma terra de trigo e de cevada” até o
dia de hoje (Dt.8:8).
O nome hebraico da cevada (seʽo·ráh) é
aparentado com a palavra para “cabelo” (se·ʽár) e é
descritivo das longas e finas cerdas que formam a característica barba da
espiga de cevada. É uma planta muito resistente, mais apta para resistir à seca
e adaptada para uma gama mais ampla de climas do que qualquer outro cereal.
Quando madura, atinge cerca de 1 m de altura, tendo folhas um pouco mais
largas que as do trigo.
A colheita da cevada tem destaque nos eventos
dramáticos do livro de Rute. Em Israel semeava-se a cevada no mês de bul
(outubro-novembro) após terem começado as chuvas temporãs e o solo se tornar
arável. (Is.28:24-25). A cevada amadurece mais rápido do que o trigo (Ex.9:31-32),
e iniciava-se a colheita no começo da primavera, no mês de nisã (março-abril),
começando no quente vale do Jordão e continuando depois nas partes mais
elevadas, mais temperadas, até chegar à região planaltina ao L do Jordão,
no mês de zive (abril-maio). A colheita da cevada marcava assim um período
definido do ano (Rt.1:22; 2Sm.21:9), e seu início correspondia ao tempo da
Páscoa, o molho de cereal movido pelo sacerdote no dia 16 de nisã sendo das
primícias da cevada. (Lv.23:10-11).
Considerava-se a cevada de valor inferior ao do
trigo, apenas um terço daquele do trigo na visão de João, em Apocalipse 6:6.
Era bastante comum e abundante para poder ser usada como forragem para os
cavalos de Salomão (1Rs.4:28), finalidade que ainda tem nos tempos modernos.
Era moída, para farinha, e então usada na fabricação de pão, muitas vezes na
forma de bolo redondo (2 Rs.4:42; Ez.4:12; Jo.6:9-13), e às vezes era misturada
com outros cereais. (Ez.4:9).
Embora, sem dúvida, fosse usada mais
freqüentemente entre os pobres, por causa do seu custo inferior, não há nada
que indique que a cevada fosse encarada com desprezo pelos israelitas, nem
mesmo pelos que podiam comprar trigo. Assim, estava incluída nas provisões
próprias para serem oferecidas à companhia do Rei Davi na sua chegada a
Gileade, durante o tempo da revolta de Absalão. (2 SM.17:27-29) Salomão proveu
a Hirão 20.000 coros (4.400 kl) de cevada, junto com uma correspondente
quantidade de trigo, e grandes quantidades de azeite e de vinho, como
suprimentos para os servos do rei tírio, que preparavam materiais para o
templo. (2 Cr.2:10-15) O Rei Jotão, de Judá, exigiu tributo do rei de Amom,
inclusive 10.000 coros (2.200 kl) de cevada. (2 Cr.27:5) Homens que
procuravam evitar ser mortos às mãos do assassino Ismael, após a queda de
Jerusalém, asseguraram-lhe que possuíam “tesouros escondidos no campo, trigo, e
cevada, e azeite, e mel”. (Jr.41:8).
No entanto, a cevada era um alimento comum e
inferior, e alguns comentadores sugerem que estas qualidades estão
representadas na figura de “um bolo redondo de pão de cevada” visto no sonho do
midianita e que simbolizava o exército humilde de Gideão. (Jz.7:13-14).
Oséias pagou 15 peças de prata (se foram
siclos, US$ 33), e um ômer e meio (330 l) de cevada para comprar de
volta a adúltera Gômer como esposa (Os.1:3; 3:1-2), preço que alguns
comentadores consideram ser equivalente ao preço de um escravo, 30 siclos
de prata (US$ 66). (Ex.21:32) A ‘oferta do ciúme’ que a Lei exigia no caso
de um homem suspeitar infidelidade sexual da parte da sua esposa era um décimo
de um efa (2,2 l) de farinha de cevada. (Nm.5:14-15) A cevada era também
usada na medição, sendo a quantidade necessária para se semear um campo o meio
legal para se determinar o valor do campo. (Lv.27:16).
Ali naquele dia ensolarado estava Rute, seu rosto
queimava no sol, sua pele brilhava uma mistura de suor e pele macia e morena,
suas mãos cortadas, lá estava ela, não sabia sequer se poderia beber um pouco
de água, não sabia se poderia parar para descansar. Era a festa do verão,
algumas pessoas se achegavam a ela e contavam como aquela era uma época
importante, lembravam que foi numa festa parecida que o povo saiu do Egito, foi
na páscoa, o sacerdote iria mover o cereal da primicia e era este o alimento,
mais na verdade Rute queria apenas ser uma benção para Noemi, queria apenas ser
útil, queria apenas servir.
A colheita foi em uma época especial, a necessidade era
grande, e respigar era o que se poderia fazer de melhor, mas onde estava ela?
De quem era aquele campo? As perguntas foram muitas, mais agora era chegada a
tarde, era hora de voltar para a casa sua Hamot (sogra) a esperava.
Ao chegar a tarde com as mãos cheias de cevada, e com
um sorrisão no rosto exclama: hamot, hamot, olha o quanto consegui colher.
Noemi abre um sorriso terno de agrado, mais logo fala suas mãos minha filha
estão feridas, e Rute fala, não se preocupe olha deixei guardado mais cevada
amanhã eu trago ta?
Noemi pergunta a Rute mais onde você foi respigar? E
Rute responde prontamente, nos campos de Boaz, um homem muito gentil, me
permitiu beber água junto com os trabalhadores dele, e ainda me disse para não
ir a outro campo que eu continuasse ali respigando, sabe depois da nossa
conversa, achei interessante, os funcionários dele, perderam a mão e muitas
vezes não precisei sequer recolher eles mesmo me davam a cevada, fiquei feliz
de estar ali.
Noemi (Mara) ficou satisfeita, ela sabia que Boaz era
um parente remidor, teria condições se quisesse de resgatar as terras de
Elimeleque, mais quem era Boaz? É o que veremos no próximo capitulo.
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