terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Capitulo Sexto: Quando a esperança vence a dor


Quando a esperança vence a dor


"Eu sai inteira, mas o Senhor me trouxe para casa vazia "Rt 1:21

Que esperança sobrara para Noemi? De volta pra casa vazia e ainda com uma moabita, como explicar esta situação? No retorno as lembranças assaltam sua mente; era o ano próximo à 1150 a 1100 a.C. os juízes governavam Israel, quando houve grande seca em Israel e ela parte de Belém de Judá, para as terras de Moabe acompanhada do  esposo Elimeleque e dos  filhos, Malon  e Quiliom. Quando a canção vem aos nossos ouvidos: ... Quando olhei a terra ardendo qual fogueira de São João... 
Na viagem, ela lembra que o casal já vinha enfrentando dificuldades econômicas uma fase que se reflete nos nomes dos filhos: Malon = Fraco, doentio e Quiliom =  Tristeza. Apesar disso a família era feliz, especialmente porque Noemi era uma mulher de fé que não se curvava a deuses estranhos, mas adorava ao Deus de Israel. Entre Belém e Moabe muitas coisas acontecem na vida de Noemi. O primeiro fato doloroso é a morte do marido Elimeleque. Viúva, distante de sua terra natal, só lhe resta agora a companhia dos filhos e das esposas moabitas: Rute e Orfa. Mas, os filhos também morrem sem deixar herdeiros. Orfa fica em Moabe e Noemi retorna a Belém na companhia de Rute.
Um suspiro fundo faz ela se lembrar que seu mundo estava desabando, sendo desmontado em todos os seus termos. Noemi estava como que sem chão para pisar, sem ar para respirar. Para todos os lados que olhava a morte acenava, Moabe não lhe retribuiu a fé, nem a esperança, a terra sequer dava frutos e ainda lhe roubara todas as sementes. Noemi não consegue enxergar o futuro, não há sonhos. Era voltar para Belém e amargar a solidão dos dias, esperando sua própria morte: "Não me chamem de Noemi (agradável) me chamem de Mara (amarga) porque O Senhor Deus tem lidado amargamente comigo. Cheia parti e o Senhor me trouxe para casa vazia" Rt 1:20-21

 A esperança de Noemi

A palavra esperança  é traduzida como “tiqvah”: Expectativa, algo desejado e previsto ansiosamente, vem do verbo ”gavah”: “olhar esperançosamente” numa direção particular. Em seu significado original, essa esperança, citada tantas vezes na Bíblia tinha o sentido de “esticar como uma corda, cordão”. Raabe foi instruída pelos espias, a amarrar um “tiqvah” na sua janela como uma corda de resgate. A tiqvah, simbolizava Cristo Jesus, o sangue do Cordeiro espargido sobre a porta dos israelitas quando do Êxodo no Egito. 
Onde estava a tiqvah de Noemi? Em todas as direções , só via fome e luto. Ainda que voltando a Belém encontrasse fartura de alimentos e familiares, mas dentro de si, tudo era sequidão, amargura. Até mesmo Deus, que fora sempre seu Refúgio, estava sendo acusado de provocar-lhe dor. Noemi sabia que Deus era o Senhor da vida e que nada acontecia sem sua permissão. Você já esteve em situação parecida com a de Noemi? Se perguntando: por que tudo isso está acontecendo comigo? Já se chamou de Mara? A história dessa mulher poderia ter acabado de forma trágica, porém ela tinha fé no Deus de Israel e aos que vivem pela fé, a esperança não morre, mesmo quando só há morte ao seu redor.
Noemi não estava vendo a Tiqvah, a corda que a alçaria da escuridão para a luz. E quantos de nós não conseguimos ver quando os olhos estão repletos de lágrimas? Mas os planos de Deus para sua filha Noemi não estavam consumados. Foi quando Jesus disse "está consumado" que a vida venceu a morte, que a esperança ressurgiu, a Tiqvah  alcançou a humanidade. Não estava consumado para Noemi e se você tem a Tiqvah  em seu coração, o sangue do Cordeiro espargido sobre as portas da alma, não está consumado para você. Não estava consumado para Lázaro, irmão de Marta e Maria há quatro dias morto e sepultado, Jesus o ressuscita.

"Eu sou a ressurreição e a vida, aquele que crê em mim, ainda que esteja  morto viverá" João 11:25
A Tiqvah ressuscita a esperança, a fé, os relacionamentos, a família, tudo que precise ser ressuscitado para se cumprir uma Promessa e tornar uma vida feliz. Noemi acreditava em Deus, era uma mulher honrada e temente. O socorro viria, a Tiqvah traria a existência os antigos sonhos de ter uma família abençoada e realizada. Os planos de Deus para Noemi, tem começo em sua nora Ruth e se concretizam através de um homem chamado Boaz. Ruth amava Noemi e não a abandonou, seguiram juntas até Belém:"Não te deixarei, teu povo é o meu povo, teu Deus o meu Deus" Rt 1:16. Boaz era descendente de Elimeleque (ex-marido de Noemi) e segundo a lei judaica, apto para restaurar o nome dos mortos e sua herança.
Não por acaso, nem por sorte, mas por providência Divina, Rute vai colher espigas nos campos de Boaz. Os dois se aproximam, se amam e se casam. Do relacionamento nasce um neto para Noemi, um herdeiro da família real de Davi, o menino se chamava Obede (avô de Davi), ancestral de Jesus Cristo. Deus não apenas realizou o desejo do coração de Noemi, mas o fez da melhor forma, de forma excelente e agora sua felicidade era visível à todos, seu testemunho marcaria gerações. Noemi, não apenas estava completa, mas transbordante!

"Beleza em vez de cinza, oléo de gozo por tristeza, veste de louvor em vez de espírito angustiado"Is 61:3. Eis os frutos da fé, do relacionamento entre Deus e os homens. Deus quer que sejamos felizes.
 Rute, instrumento de Deus na vida da sogra Noemi.

Quando tudo parecer tomar a direção errada e o mundo desabar sob nossos pés, lembremos de Noemi. Não está consumado, não é o fim, a Tiqvah  sempre renasce para os que vivem pela fé em Cristo Jesus.  

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