terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Capitulo Um Aprendendo com a peregrinação de Elimeleque e de Noemi!


Aprendendo com a peregrinação de Elimeleque e de Noemi!
“ Nos dias em que os juízes julgavam,houve fome na terra, e um homem de Belém de Judá, saiu a habitar no país de Moabe, ele, sua mulher e seus dois filhos.” (Rt.1:1).
Introdução: O período dos juízes, foi marcado por uma transição religiosa,foi um período de inconstância espiritual em Israel,onde a nação tinha dificuldades de estabelecer um período prolongado de retidão,fidelidade,santidade na presença de Deus.
Em nossos dias há um forte paralelo com este período bíblico, pois há um fenômeno preocupante dentro da igreja, que podemos chamar de “quedas espirituais”. Não somente no âmbito individual, onde ao passo que as igrejas arrebanham multidões, há um constante aumento de pessoas decaindo da graça, e no que se refere a igreja como um todo, o corpo de Cristo, sofre de uma decadência espiritual, doutrinária, teológica e moral.
E como caracterizava-se naqueles dias, podemos apontar dentre muitas causas, três, que desencadeam todo o processo:
1°falta de instrução;
2°falta de direção;
3°falta de líderes espirituais;
Certa feita o salmista orou e disse: “Tu me farás contemplar os caminhos da vida; na tua presença me encherás de alegria, com delícias perpétuas à tua direita.” (Sl.16:11)
O anseio da alma de Davi, eram caminhos planos para andar, diretrizes na qual pudesse realmente acreditar, e compreendeu que somente em Deus encontraria.
A falta de instrução: “ Dá instrução ao sábio,e ele se fará mais sábio ainda; ensina ao justo e ele crescerá em prudência.” (Pv.9:9)
Durante o período dos juízes, há uma expressão comum que diz; que após a morte de um juiz, os filhos de Israel tornavam a prática do mal, até que Deus ouvia o clamor do povo oprimido e lhes dava um juiz, um líder. Os juízes levantados por Deus não tinham uma preocupação iminente em preparar líderes para darem continuidade ao seu trabalho. Nenhum juiz apresentou uma visão a longo prazo em relação a este aspecto. Exerciam autoridade, porém não velavam pela instrução, pelo discipulado, não se preocupavam com a transição de uma geração para outra, deixando neste interlúdio uma lacuna no que se refere a estabilidade espiritual da nação.
2°Pela ausência de instrução: desencadeava-se o segundo fator; a ausência de direção, e outra característica deste período é: “Naqueles dias não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.” (Jz.21:25). Ou seja, como obreiro do Senhor, precisa haver uma constante análise de seu trabalho, pois erros simples que passam desapercebidos no presente, podem desencadear uma série de outros erros no futuro. Observe que, embora estejamos analisando três causas que contribuíram para a oscilação de Israel, tanto na área social, governamental como espiritual, há uma profunda correlação entre ambas, de modo que é impossível desmembrar uma das outras. Este problema só foi solucionado quando Samuel assume a posição de último juiz e primeiro profeta de Israel, uma vez que sua primeira atitude é fundar a escola dos profetas, onde o ensino é difundido, e Samuel começa a cultivar um ensino espiritual, preparando moços para serem usados por Deus, mas promovendo também matérias seculares, visando o desenvolvimento intelectual dos alunos. Note que uma visão de um líder espiritual consegue instruir, direcionar e promover a espiritualidade.
3°A ausência de líderes preparados e comprometidos com seu ministério: Note que mesmo os líderes vocacionados por Deus relutavam em assumir responsabilidades, e, estes são os piores de todos os homens. Pois o pior não é o que erra tentando acertar, mas sim, o que se omite de suas responsabilidades, pois a covardia e o descaso precedem graves erros.
Baraque por sua covardia não teve todos os méritos em sua batalha, e o livramento foi atribuído a uma mulher. Gideão, por seu descaso promoveu a idolatria em Israel, fez uma estola sacerdotal para ISRAEL adorar, e o povo veio a se prostituir ali. Sansão por seu descaso veio a se misturar com uma prostituta aliada dos inimigos de Israel. Estes homens entraram para a galeria dos heróis da fé, por suas atitudes de fé em tempos de apostasia espiritual, e pela fidelidade de Deus, que apesar de todas intempéries, e equívocos cometidos por estes homens, deu-lhes um fim de honra, triunfando sobre os inimigos em seus dias, mas em geral, foram homens que poderiam ter uma história muito mais excelente. Isto também traça um paralelo com os homens levantados por Deus em nossa geração, muitos não desenvolvem a chamada do Senhor em sua totalidade, outros tem seus ministérios abreviados por acidentes no percurso, acidentes que poderiam ser evitados, outros chegam ao poder e, como grande parte dos juízes gastam todos os anos preciosos que Deus lhes deu preocupados apenas com o presente, com o hoje, não fazem um trabalho pensando no futuro. Pregam muito sobre a águia e seus atributos; sua visão de longo alcance, seus vôos, suas asas, sua velocidade, seu renovo em idade avançada, o privilégio de degustar o melhor salmão dos mares, mas vivem como verdadeiras galinhas, voando baixo, comendo sobras, fazendo barulho e deixando um rastro de sujeira por onde passam.
Estes homens receberam de Deus unção para romper a barreira do natural e andar no sobrenatural, autoridade para liderar, vencer inimigos poderosos, conquistar territórios, e não compreenderam o que tinham nas mãos. Que Deus nos ajude a valorizarmos tudo o que de suas mãos temos recebido, sabendo que dons, vocação, ministérios, são oportunidades que Deus dá a menos de 1/10 de toda a humanidade, e que a qualquer momento Deus pode levantar outro para ocupar o nosso lugar, e, fazer com maestria o que às vezes fazemos descompromissados.
Quando Saul deixou de atender às expectativas de Deus, o próprio Deus falou a Samuel: já me provi de um rei que é segundo o meu coração.
A decisão de Elimeleque era reflexo dos dias em que vivia. Em nossos dias há no cerne da igreja cristã algumas posturas que incitam decisões equivocadas por parte do corpo de Cristo. Há o sensacionalismo, misticismo, e aqueles que ensinam segundo suas ideologias. Por tais razões há fome na terra, falta pão na casa do pão. Houve fome na terra que mana leite e mel. O pão alimento encontrado em toda parte do mundo, independente da forma característica ou preparo, porém, em Belém (orig.heb:casa do pão) faltou pão.
À luz das escrituras o pão é símbolo da palavra, e não apenas a palavra do intelecto, segundo a expressão comum entre os pregadores 'pão do conhecimento”, mas também o pão que Moisés por revelação divina cita em Nm 4;7 “Também sobre a mesa da proposição estenderão um pano azul; e sobre ela, porão os pratos, e os seus incensários, e as taças, e as escudelas; também o pão contínuo estará sobre ela.” Este pão da proposição trata-se da presença do Senhor, por isso Jesus pode dizer: “...Na verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu, mas meu pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe, pois; Senhor, dá-nos desse pão. E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome..”João 6;32-35.
O texto de Josué cap.9 relata a história de uma caravana de gibeonitas ... “E os moradores de Gibeão, ouvindo o que Josué fizera com Jericó e com Ai, usaram também de astúcia, e foram, e se fingiram embaixadores, e tomaram sacos velhos sobre os seus jumentos e odres de vinhos velhos, e rotos e remendados; e nos pés sapatos velhos e remendados e vestes velhas sobre si; e todo o pão que traziam para o caminho era seco e bolorento.”Js 9;3-5
Observe as condições dessa caravana:
1°odres de vinhos velhos, rotos e remendados;
LUCAS 5;37 “E ninguém põe vinho vinho novo em odres velhos; de outra sorte ,o vinho novo romperá os odres e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão. Mas o vinho novo deve ser posto em odres novos, e ambos juntamente se conservarão. E ninguém, tendo bebido o velho, quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho.”
Naqueles dias Israel estava saboreando o vinho novo, não fermentado, de alegria, novidade de vida.
2°...e nos pés sapatos velhos e remendados e vestes velhas sobre si...
DEUTERONÔMIO 29;5 “ E quarenta anos vos fiz andar pelo deserto; não se envelheceram as vossas vestes, nem se envelheceu no teu pé o teu sapato.”
Note o contraste entre uma caravana em miséria e o cuidado de Deus sobre a congregação de Israel
3° o pão era seco e bolorento...
Israel tinha o pão da proposição que apontava para Jesus, o pão vivo que desceu do céu.
4°velho,roto e remendado...
três características principais da caravana gibeonita; E Jesus disse ; “Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o mesmo remendo novo rompe o velho, e a rotura fica ainda maior.” Mc 2;21
Israel era o tecido novo preservado por Deus durante 40 anos no deserto, e aquela caravana era o vestido velho. Jesus disse que esta junção faria uma rotura ainda maior, e de fato foi o que houve, os gibeonitas foram amaldiçoados, tornando-se escravos.
As condições dessa caravana são tipos, figuras de alguns princípios espirituais, que podemos expor da seguinte forma. Quando faltou pão em Belém;
1°faltou a presença de Deus que preservava a nação. O pão que era vivo agora era escasso, seco e bolorento, como o pão dos gibeonitas. E infelizmente, muitas igrejas já perderam o pão da proposição, e tem servido pão dos gibeonitas na mesa, pão seco e bolorento; mensagens mortas, com um conhecimento morto, pois o conhecimento sem a presença de Deus, na linguagem paulina é chamado de “caducidade da letra”, por isso que na mesa da proposição (Nm.4:7-9) tinha o pão que aponta para a presença de Deus, tinha o incensário que aponta para a oração e o castiçal da luminária que aponta para a revelação de Deus. Quando faltam estes três elementos na mesa da proposição na igreja, que hoje é o púlpito, o pão é seco e bolorento. As pessoas passam horas na igreja e saem do mesmo modo que entraram, almas vazias, mensagens que não transformam, que não curam, incapazes de produzirem nos ouvintes o desejo de ter e viver a vida de Cristo. E acabam como os moradores de Belém; no lugar da bênção, mas em miséria espiritual. A alma transparece o que recebe, e na falta de alimento espiritual, definha, enfraquece.
2°O pão, o vinho, o odre e as vestes;
Todos estes elementos na congregação de Israel eram novos, apontando para uma constante novidade de vida mesmo em meio ao deserto da história. Nem o deserto que por vezes podemos atravessar ao longo de nossa vida cristã, tem poder de envelhecer;
-O pão; a presença de Deus. Lembre-se que Jesus foi ao deserto, e a presença viva da palavra o fez vencer Satanás;
-O odre;as promessas. Por esta causa Paulo exorta seu filho Timóteo; “Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por ela boa milícia, conservando a fé e a boa consciência.” I Tm 1;18,19
As promessas não envelhecem com o tempo, não enfraquecem com o fator externo. Como o odre preserva o vinho, assim as promessas preservam a nossa alegria, fé e boa consciência, sabendo que : “...se com ele perseverarmos, também com ele reinaremos.”II Tm 2;12
-O vinho;alegria insondável,inefável,infindável,que somente a casa de Israel conheceu.
-As vestes;as vestes dos santos são descritas como sendo de linho fino e puríssimo, lavadas no sangue carmesim, mais alvas que a neve ou branca lã .Vestes de justiça, santidade e separação, e não envelhecem pois estes valores não mudam. “Pelo contrário, assim como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos vós mesmos em todo vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos porque eu sou santo.”I Pe 1;15,16
E ainda: “Jesus Cristo ontem, hoje e sempre.” Hb 13;8
Quando falta o pão em Belém de Judá, o líder de uma casa, a saber, Elimeleque, vende sua propriedade em Belém, para ir a Moabe. E, Moabe à luz do contexto teve um sabor amargo na história dessa família, e na direção que Elimeleque toma para o futuro de sua casa existem alguns princípios espirituais. Veja o que representou Moabe na história dessa casa:
1° Moabe,ribeiro ilusório. As águas da cidade foram amargas a família. Isto nos leva a considerar que nem sempre quando as crises surgirem a melhor solução é migrar, muitas vezes a solução está
justamente em ficar e enfrentar.
2°Moabe,um atalho para conquistar. Na ânsia de conquistar um futuro melhor para sua casa, Elimeleque viu em outras terras, uma eventual possibilidade. Mas, aquele atalho teve um preço alto demais; sua própria vida. Isto lança luz à uma reflexão: “ atalhos que deixam seqüelas”.O atalho de Moabe, deixou uma seqüela profunda no seio da família, abreviou os dias de Elimeleque. Quantos
atalhos nos negócios que não deixam um rastro de dívidas, situações mal resolvidas, gerando vergonha para a própria casa. Quantos atalhos nos relacionamentos não geram morte espiritual, e o fim de um projeto de vida. Quantos atalhos no ministério não levam obreiros a assumirem responsabilidades antes do tempo, expondo suas famílias a mudanças bruscas, às vezes de cidade, estado, país, sacrificando o bem estar de esposa e filhos, sob um pretexto de estar fazendo a obra de Deus. O empresário Elimeleque é aquele ambicioso que faz investimentos de alto risco de forma inconseqüente. A questão não é o risco em si, e sim a ausência de uma garantia de retorno.
Elimeleque é um garimpeiro que arrisca sua vida em um campo minado. Elimeleque é um obreiro que não pensa em sua família na hora das decisões. Em suma, alguém que se propõe a assumir riscos
quando o retorno não é maior que o risco assumido.
3°Moabe, fuga dos desafios. O desafio de Judá era simplesmente de trilhar o caminho do arrependimento, e Deus mudaria a história. Partindo desse prisma, o primeiro desafio de um cristão quando as dificuldades surgirem, é buscar ao Senhor, pois dele vem o milagre. Mas a postura auto suficiente foi o agravante. Naqueles dias não havia rei em Israel e cada um fazia o que lhe parecia correto aos olhos. Quando o sentimento de auto suficiência toma conta da casa de Israel a crise vai se agravando com o passar dos dias. Por esta causa disse Davi: “Não faz caso da força do cavalo, nem se compraz nos músculos do guerreiro. Agrada-se o Senhor dos que o temem, e dos que esperam na sua misericórdia.”Sl 147;10,11
Não fuja de desafios espirituais. Neemias quando estava reconstruindo os muros de Jerusalém, enfrentou uma série deles, mas quando confrontado disse: Um homem como eu fugiria?
Ne 6;11
4°Moabe,cemitério dos sonhos. Nas terras longínquas de Moabe, foram sepultados os sonhos de uma família.
“Há caminho ao homem que parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte. ” Pv 14;12
Foram sepultados os sonhos de três homens; Elimeleque, Malom e Quiliom. E os sonhos de três mulheres: Noemi, Rute e Orfa. Observe que uma atitude reflete no futuro de seis pessoas. O efeito esporádico de nossas atitudes é aquele que é percebido a curto prazo, e o efeito sistêmico é aquele que é percebido a longo prazo. Nem sempre quando os efeitos esporádicos são satisfatórios, os efeitos sistêmicos serão também. Após dez anos em Moabe, aquela casa ainda sofria com os efeitos de decisões do passado.
A família desce a Moabe e a primeira atitude; os filhos de Judá casam-se com mulheres moabitas, o que segundo a lei mosaica era abominável, Israel deveria ser obrigatoriamente separado.
No período pós-exílio, tal atitude caracterizou-se um laço para Israel. Observe o texto de Neemias 13;23,24 : “Vi também naqueles dias judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas. Metade de seus filhos falavam a língua de asdode ou a língua de um dos outros povos, e não podiam falar a língua de Judá.”
Em Esdras cap.10, Esdras faz o povo despedir as mulheres estrangeiras.
Neemias relata que a nova geração que nascia no coração de Jerusalém não sabia falar a língua de Judá.
Isto aponta para o enfraquecimento e a perda dos valores, históricos, familiares e acima de tudo; espirituais. Quando Ciro promulga o fim do cativeiro israelita na Babilônia e incentiva o retorno para Jerusalém, muitos filhos de Israel preferiram ficar na Babilônia, pois haviam se misturado com o povo, casaram seus filhos com caldeus, e a linguagem de Judá não os comovia mais, a linguagem da separação, da consagração da família ao Senhor, o cântico de adoração a Jeová, não era prioridade.
A língua asdodita aponta para uma língua mundana, distante do propósito de Deus.
Este é o perigo do séc. XXI, a mistura excessiva da Igreja com o mundo. Lembre que Pedro quando negava Jesus, alguém lhe disse; tu falas como ele!!! A Igreja de Cristo tem uma linguagem peculiar, o profeta Isaías disse que a nós foi dado uma língua erudita.
Quando os filhos da Igreja dão-se em casamento com ímpios, a tendência é culminar neste ponto; a mistura que enfraquece os valores da fé.
Cap.1;4,5...quando já fazia quase dez anos que moravam ali, morreram Malom e Quiliom.
Com o passar dos anos todo vínculo com Judá ia desvanecendo, e não houve tempo de retornar a Judá. Este quadro repete-se em nossos dias, muitas famílias saem de Belém de Judá, a Igreja, e quando retornam trazem uma história de perdas, voltam com o luto, com traumas, com um grande vazio na alma, e a sensação de ter desperdiçado preciosos anos de sua vida longe do Senhor. Quantos casais que voltam quando a peregrinação em Moabe destruiu seu casamento, usurpou-lhe os filhos, e de uma família que um dia foi feliz na igreja só restam lembranças. Então voltam, não mais como Noemi, mas sim como Mara, em profunda amargura de alma.
Noemi significa;agradável. Mara significa; amarga. Noemi diz que cheia saiu. Mara diz que vazia voltou. Em Moabe ficou muito mais que os bens da família, ficou a alegria da alma.
v.6 “Então se levantou ela com as suas noras e voltou dos campos de Moabe, porquanto na terra de Moabe, ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo dando-lhe pão.”
Isto leva-nos a considerar o cuidado de Deus por Belém; casa do pão. A crise não permanece num lugar que Deus escolheu para si. Ao longo da história a cidade enfrentou momentos difíceis, mas Deus sempre esteve velando pela cidade.
Quando o silêncio de Deus imperava na judéia, foi numa manjedoura em Belém que o silêncio se quebrou, então ouviu-se um cântico de uma multidão dos exércitos celestiais... “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens !!(Lc.2:13,14)
Quando o Senhor lembrou-se de Belém dando-lhe pão, a sua presença, a sua provisão, houve uma colheita, houve um novo tempo em Judá. Tempo de colheita, os celeiros transbordaram .O V.22 ...
“Assim voltou Noemi da terra de Moabe, e com ela Rute, sua nora, a moabita, chegaram a Belém no princípio da sega da cevada.”
O regresso a Belém representa:
1°o fim de um deserto espiritual;
Em Moabe, cultuava-se a Moloq, onde os pagãos ofereciam seus filhos em sacrifício. Em Belém havia o culto ao Deus vivo, este regresso é figura de reconciliação com Deus. Noemi era como velha sem pastor, ferida pelos espinhos da vida, maltratada pelo deserto espiritual de Moabe, errante, sem perspectiva, sem esperança, mas o pastor de Israel não esqueceu-se da viúva. Nem de Rute, que até o momento não havia gerado ainda. Observe que as duas noras de Noemi. Rute e Orfa, não tiveram filhos. Não porque fossem estéreis, mas Moabe é uma terra estéril. Mas diz o Senhor; “Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto, e exclama, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária, do que os filhos da casada, diz o Senhor. Não temas, porque não serás envergonhada; não te envergonhes, porque não sofrerás humilhação; pois te esquecerás da vergonha da tua mocidade e não mais te lembrarás do opróbrio da tua viuvez. Porque o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; ele é chamado o Deus de toda terra. Porque o Senhor te chamou como a mulher desamparada e de espírito abatido; como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus. Por breve momento te deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te; num ímpeto de indignação escondi de ti a minha face por um momento, mas com misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o Senhor, o teu Redentor.”IS 54;1,4-8.
2°o fim da solidão;
“Deus faz com que o solitário habite em família, e liberta aqueles que estão presos em grilhões,mas os rebeldes habitam em terra seca.” (Sl 68:6); Davi compõe este Salmo com base em sua experiência pessoal. Ao longo de sua carreira experimentou diversos momentos de solidão, houve ocasiões que sua família parecia estar à beira de um precipício. Em I Sm 19, o rei Saul manda seus homens invadirem a casa onde Davi,morava com sua esposa e filha do rei; Mical .E os homens de Saul vão pronto para matá-lo, e Davi é obrigado
a deixar para trás sua casa,sua esposa, o conforto do lar, e daí por diante longos dias de solidão nos desertos e cavernas, fugindo de Saul, embora não tivesse culpa nenhuma,o salmista teve que enfrentar até que Deus provesse uma nova família. Por isso reconhece que família é dádiva de Deus, que o galardão do solitário é habitar em família. Em pouco menos de dez anos a casa de Noemi se desfaz, deixando um grande vazio na alma da viúva, não havia qualquer perspectiva de restituição daquela linhagem, o nome da família iria cair no esquecimento, mas quando volta para
Belém, o Senhor daquele povo toma o nome de sua família. Disse o apóstolo Paulo: “ Por esta causa me ponho de joelhos diante do pai, de quem toma o nome de toda família, tanto no céu como sobre a terra...”Ef 2;14,15
Quando entregamos o nome de nossa família nas mãos de Deus podemos ter a certeza que não cairá no esquecimento.

3°fim da escassez;....chegaram a Belém no princípio da sega da cevada; Estar no centro da vontade de Deus, não significa estar isento de enfrentar períodos de instabilidade. Mas, sim, a certeza de um cuidado todo especial da parte de Deus.
Disse o salmista Davi; “Não serão envergonhados nos dias do mal, e nos dias da fome se fartarão.” (Sl.37:19)
Nos dias de Abraão e Isaque, houve fome na terra, mas o Senhor os fez prosperar num tempo que os indicadores da economia apontava uma depressão econômica.
Nos dias de José, quando a fome perdurou por sete anos na terra, os celeiros do Egito estavam repletos de trigo e cereal, graças a gestão do servo de Deus. De modo que, toda a casa de Jacó; ao todo75 pessoas comiam o melhor da terra, e possuíram os melhores campos do Egito.
Muitos homens de Deus enfrentaram períodos semelhantes em seus dias, porém em cada geração, Deus se revelou de forma singular fartando-lhes a alma.
No deserto, peregrinando rumo a Canaã, Deus mandou o maná e codornizes.
Nos dias de Elias, Deus proveu pão e carne usando um corvo como garçom real. Quando cessou a água, providenciou uma viúva em Sarepta, e sob uma palavra profética houve um milagre de multiplicação que durou mais de três anos numa botija de azeite e numa panela.
O segredo de todos estes milagres é o mesmo; onde há homem de Deus no centro da vontade de Deus, há certeza de fartura. Que Deus nos ajude a nos posicionarmos, e bênçãos virão sobre nossas casas e famílias.

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