Diáspora Unicitária
“...Mas receberão poder
quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra"...” (At.1:8 NVI).
Há muito tempo tenho o desejo de falar sobre
este tema.
A
dispersão do século 21, tem trazido a tona muitas controvérsias, uma delas é:
Por
que há tantas igrejas?
Por
que as Igrejas unicistas são relativamente pequenas?
Por
que somos gente desconhecida?
Por
que não vivemos a unidade?
Por
que somos considerados seitas? E por fim
Como
mudar este quadro?
Pretendo
neste compendio responder a estas perguntas para que possamos sair daqui com
uma visão ampla sobre a mensagem unicista e também o futuro dos jovens
pregadores; antes porem quero lhe convidar para nos familiarizarmos com os
termos:
1.
Diáspora: dispersão dos judeus, no decorrer dos séculos,
por todo o mundo. Dispersão de um povo
em consequência de preconceito ou perseguição política, religiosa ou étnica.
2.
Unicitária: terminologia que indica na religião o segmento de um
único Deus.
Logo,
então, falaremos sobre a perseguição, dispersão e as consequências para o povo
do Nome.
Nossa
história começa no livro de Atos capitulo 1:8 que diz: “...Mas receberão poder quando o
Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em
toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra..."
A dispersão já estava prevista na mente de Deus, tanto é que
Ele nos ensina que seriamos testemunhas em Jerusalém (local), Judeia
(estadual), Samaria (interestadual) e confins da terra (internacionalmente);
porem, com o crescimento espantoso da Igreja, Pedro o portador da abertura da
fé para as demais civilizações ficou acomodado e com isto no ano 70 veio a
primeira dispersão efetiva para a Nação de Israel e por conseguinte para a
Igreja.
Por quê há tantas
Igrejas?
1 – Motivo [Existem igrejas porque foi o próprio
Jesus quem fundou a igreja Cristã]
Jesus disse ao apóstolo Pedro: Mateus
16:18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Neste texto nós vemos que foi o próprio
Jesus quem estabeleceu uma igreja. A igreja é uma ideia de Deus e não dos
homens.
Jesus disse que Ele é a pedra que
sustenta a igreja, e não o apóstolo Pedro. Jesus só fez um jogo de palavras com
o nome de Pedro dizendo: tu és Pedro, mas Eu Sou a Pedra, a Pedra que sustenta
a igreja. Vejamos outros versos da Bíblia que apoiam esta verdade;
Aos Judeus o próprio Pedro disse:
Atos 4:11 Este
Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra
angular.
1 Pedro 2:6 Pois
isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e
preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado.
O apóstolo Paulo também falou sobre este
assunto, em 1 Coríntios 3:11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do
que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
Vemos então claramente, que Jesus é a
Pedra que sustenta a igreja e não o apóstolo Pedro. Foram os homens quem
inventaram esta história sobre Pedro. Até hoje muitos creem que o papa é o sucessor
de Pedro e que ele é o fundamento da igreja, mas isto é apenas uma tradição
inventada por homens, não pode ser provada pela Bíblia. E nós não podemos crer
em coisa alguma que não possa ser provado pela Bíblia. Jesus é o único
fundamento da igreja verdadeira, e Ele nos estimula a nos congregarmos como
irmãos na fé. Ele disse que quando fizermos isto, Ele estará em nosso meio.
A União é Ideia de Deus
Gênesis 2:18 E disse o SENHOR Deus: Não é
bom que o homem esteja só; Vemos aqui que a família foi uma ideia de Deus, e
assim também a igreja, como uma família espiritual, foi uma ideia de Deus. Não
é bom que o homem esteja só. Com respeito a este assunto o apóstolo Paulo
disse:
Hebreus 10:25 não
deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns;
Quando nos congregamos, temos a
oportunidade de partilhar uns com os outros, as muitas experiências que temos
tido com Deus e com a Sua Palavra. Nos congregamos para louvar a Deus e também
para aprender coletivamente da Sua vontade para nós.
Jesus nos incentiva a nos reunirmos, Ele
disse:
Mateus 18:20 Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu
nome, ali estou no meio deles.
Vemos na Bíblia que Deus colabora com
nosso trabalho missionário, a fim de que mais pessoas façam parte da igreja.
Atos 2:47 louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos
os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
Se o próprio Senhor acrescentava novos
membros a Sua igreja, isso mostra que Ele quer que estejamos unidos. Deus não é
a favor do individualismo.
Salmos 133:1 Oh!
Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!
O apóstolo Paulo também falou sobre este
assunto, em 1 Coríntios 3:11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do
que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
Em Salmo 122:1 lemos Alegrei-me quando me
disseram: Vamos à Casa do SENHOR.
É uma alegria para o povo de Deus ir a
Casa do Senhor. Quem realmente ama a Deus gosta de juntar-se a seus irmão de fé
para adorar a Deus.
Em Lucas 4:16 lemos E, chegando a Nazaré,
onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga
e levantou-se para ler.
Jesus tinha por costume ir todos os
sábados a sinagoga, que era a igreja em Seu tempo. Os que querem seguir a Jesus
também irão ter o costume de ir aos sábados a igreja.
2 - Motivo [Existem muitas igrejas diferentes porque
elas não seguem a Bíblia]
Jesus disse: João 5:39 Examinais
as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que
testificam de mim.
O principal motivo de existirem tantas
igrejas é o fato de elas não examinarem o mesmo livro, a Bíblia. Se todas as
igrejas examinassem a Bíblia, haveria apenas uma igreja. Talvez você pense que
todas as igrejas sigam a Palavra de Deus, mas isto não é verdade. Quase todas
as igrejas seguem apenas parte da Bíblia, mas não a seguem completamente.
Várias igrejas ensinam que seus membros não devem ler a Bíblia, pois somente os
que estudaram teologia podem entende-la. A igreja Católica na época da
inquisição ordenou que se queimassem milhares de Bíblias, pois dizia que o
estudo da mesma era perigoso para as pessoas. Diziam que só os padres poderiam
compreende-la.
Infelizmente este costume permanece até hoje. Muitos não ousam discordar de
seus padres, pastores e líderes religiosos, pois dizem que estes homens estudaram
muito, somente eles sabem interpretar a Bíblia. Este problema ocorre também com
os que estão na universidade, quando convidados a estudarem a Bíblia, preferem
perguntar a seus professores qual é a opinião deles sobre o assunto. E porque
muitos professores são ateus, seus alunos são desviados da verdade.
Você acha difícil entender a Bíblia?
Ouça esta promessa: Tiago 1:5 Mas,
se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e ele a dará porque é generoso e
dá com bondade a todos.
A Bíblia é luz 119:105 Lâmpada
para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho.
O apóstolo Paulo disse com respeito às
pessoas que não querem ler e que rejeitam a Bíblia:
2 Ts 2:11 ...
Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira,
Deus permitirá que creiam na mentira,
pois Ele nos deu livre arbítrio. Podemos crer no que quisermos, mas perderemos
a salvação por crermos na mentira.
Em João 8:44, Jesus disse que o diabo é o
pai da mentira, todos os que preferem a mentira, estão ouvindo a voz do diabo.
E todos os que querem saber a verdade, leem a Palavra de Deus. Somente a Bíblia
pode nos dizer o que é a verdade, e assim saberemos também o que é a mentira.
Uma igreja que segue apenas parte da
verdade, segue também parte da mentira. E quem tem parte na mentira não está
fazendo a vontade de Deus.
Talvez você pergunte, mas porque uma
igreja que tem a Bíblia nas mãos seguiria apenas uma parte dela?
Muitas pessoas seguem apenas parte da
Bíblia, porque estão enganadas. Mas quando elas forem iluminadas pela verdade
terão de tomar uma decisão, seguir a Palavra de Deus ou seguir as palavras dos
homens.
Ao estudarmos os próximos dois motivos,
você entenderá um pouco mais sobre este assunto.
3 - Motivo [Existem várias igrejas, porque há homens
gananciosos que usam a religião para ganhar dinheiro]
Atos 8:9 Ora,
havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a mágica, iludindo o povo
de Samaria, ...
18 Vendo, porém, Simão
que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito Santo,
ofereceu-lhes dinheiro, 19 propondo: Concedei-me também a mim este
poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo; 20 Pedro,
porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste
adquirir, por meio dele, o dom de Deus; 21 Não tens parte nem sorte
neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
Simão queria usar a religião para ganhar
dinheiro.
Muitas pessoas dizem não pertencer a
nenhuma igreja porque todas igrejas só querem tirar dinheiro das pessoas. Nós
concordamos que muitas igrejas foram abertas exclusivamente para ganhar
dinheiro, mas não cremos que sejam todas. Muitos abusam da bondade das pessoas.
Ensinam coisas fantasiosas somente para chamar a atenção. Procuram fazer coisas
que agradem seus membros, da mesma forma que um artista faz para atrair o seu
público. Os líderes destas igrejas quando são bem sucedidos, podem ser vistos
desfilando com carros novos, muitas vezes importados. Possuem grandes casas,
vestem roupas caras, fazem muitas viagens e coisas assim. Dizem serem
representantes de Jesus, mas longe estão da simplicidade que Ele e Seus
discípulos viveram. Dificilmente eles possuem tempo para visitar os membros da
igreja. E na maioria das vezes eles só visitam os membros que possuem mais
dinheiro. Prometem aos seus membros que quanto mais dinheiro derem para a
igreja, mas sucesso terão. Também ensinam que aqueles que estão pobres, não
estão sendo abençoados por Deus.
Abrir uma igreja para poder ganhar
dinheiro pode ser muito lucrativo, especialmente num país pobre como o nosso.
Este é um motivo bem comum em nossos dias. Há muitas igrejas diferentes, porque
há muitos líderes religiosos querendo ganhar dinheiro. Se você conhecer um
líder religioso que vive uma vida de luxo “ás custas do evangelho,” pode ter
certeza que ele não serve a Deus. Os servos de Deus não acumulam riquezas.
Especialmente os que são sustentados pelo dízimo, devem viver uma vida simples.
Na Bíblia, a tribo de Levi, que era sustentada pelos dízimos, não recebeu herança
junto com as outras tribos.
4 - Motivo [Existem muitas igrejas porque as pessoas se
sentem bem nelas]
A maioria das igrejas possui tradições
que não estão de acordo com a Bíblia, mesmo sendo religiosas. São tradições
criadas por homens. Na maioria das vezes, estas tradições substituem os
mandamentos de Deus. Sendo assim Deus não se agrada com elas.
Ouça o que Jesus disse aos Judeus com
respeito as tradições criadas pelos homens:
Marcos 7:7 E
em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
Marcos 7:8 Negligenciando
o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.
Marcos 7:9 E
disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a
vossa própria tradição.
Marcos 7:13 invalidando
a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e
fazeis muitas outras coisas semelhantes.
E o apóstolo Paulo nos alerta:
Colossenses 2:8 Cuidado que ninguém vos
venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos
homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
Quando mostramos a uma pessoa que a
igreja que ela frequenta não segue toda a Bíblia, muitas vezes ouvimos: ah!
Mais eu me sinto tão bem lá. Ou então: "todas as igrejas ensinam o
bem", "todas estão certas".
É por causa de sentimentos como estes que
o rei Salomão disse:
Provérbios 16:25 Há
caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte.
Quando eu ao ler a vontade de Deus na
Bíblia, sai da igreja Católica, meu avô dizia que ele havia nascido católico e
iria morrer católico. Meu avô chegou a reconhecer que as tradições religiosas
que ele seguia eram reprovadas pela Bíblia, mas ele preferiu ficar com as
tradições do pai dele, do que com a verdade do Pai Celeste.
Muitas pessoas estão tão presas as
tradições que ficam ofendidas de conhecerem o que a Bíblia, que é a Palavra de
Deus, diz.
Alguns dizem: os tempos mudaram. E é
verdade, os tempos mudaram. Mas e a Palavra de Deus mudou com o tempo?
Leia o que Jesus disse:
Lucas 21:33 -
Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.
Malaquias 3:6 -
Porque eu, o SENHOR, não mudo...
Deus não muda. Sua Palavra também não
muda, pois Deus é fiel.
O que Deus condenou no passado, não
passou com o tempo a ser abençoado.
Por exemplo, Deus diz que se sente traído
ao ver alguém adorando ídolos. Mas muitos, mesmo quando mostramos isto na
Bíblia, ficam com raiva e dizem que não querem saber, pois estão decididos a
manterem seus deuses feitos de pedra, e não se importam com o que a Bíblia diz.
Podemos nos sentir bem num lugar onde
sabemos que a vontade de Deus não é feita, e é ensinado o erro para as pessoas?
Quando uma pessoa está sendo engana, ela não
sabe que está sendo enganada, pois a partir do momento em que ela souber, o
engano será desmascarado.
Caro amigo não seja mais enganado. Faça
um exame profundo das coisas que você acredita, e se elas não puderem ser
provadas pela Bíblia, então são ensinos falsos. Algumas pessoas dizem: minha
igreja ensina muitas coisas boas, mas isto não é suficiente. É preciso ensinar
toda a verdade. Quando queremos pegar um rato, nós colocamos um pedaço de
queijo numa ratoeira, pois é o que o rato gosta. Mas aquilo que para o rato
parece bom, é o fim dele. Muitas igrejas oferecem Rock, pagode, samba, rap e
vários outros ritmos musicais e muitas outras coisas que antigamente era
condenado pelos cristãos Bíblicos. Mas hoje para atrair pessoas, tudo está
certo e vale tudo.
Ensinam somente as coisas que lhes
convém. Várias coisas ensinadas nestas igrejas são encontradas também na
macumba. Quando cobramos destas pessoas uma evidência Bíblica para as coisas em
que elas acreditam, elas dizem que vão perguntar ao pastor da igreja, elas nada
sabem por si mesmas. E qualquer explicação do pastor é aceita por elas, sem
nenhum questionamento.
Bem
agora que entendemos sobre a historiografia, voltemos então para as Escrituras,
nosso texto tema é Atos 1:8, onde o Senhor Jesus deixou a ordem de que seriamos
testemunhas dEle, em Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da terra.
Esta
ordem deveria ter sido bem entendida pelo Apostolo Pedro, porém, ele assim como
muitos unicistas hoje em dia, era extremamente xenofóbico, e manteve o estabelecimento
da Igreja apenas em Jerusalém, o que é muito provável que faríamos o mesmo.
Pensa bem o que você faria com uma inauguração de Igreja onde no primeiro culto
3.000 pessoas acomodassem-se nas cadeiras e passassem a fazer parte do mesmo
ministério? Com certeza a palavra de ordem seria administrar o que já
conseguimos.
Se
por um lado vamos falar sobre o início da Igreja e entendermos que não há
mudanças circunstanciais, pois, continuamos nas mesmas acomodações
ministeriais, por outro lado podemos entender que o movimento para a busca da
unidade da Igreja não pode ser meramente emotiva tem que ter um cunho
escatológico.
A
igreja começa com um erro circunstancial, por um lado tinha o “Assim diz o
Senhor”, por outro lado pesava a inercia e o xenofobismo que assolou os
corações dos primeiros apóstolos.
Passemos
a responder a primeira pergunta então:
Por que as Igrejas
unicistas são relativamente pequenas?
Todos
os novos convertidos a Unicidade nos fazem esta pergunta, nossa resposta quase
sempre é baseada no texto que o Senhor Jesus diz: Não temas pequeno rebanho
(Lc.12:32), mas será que este texto realmente quer dizer sobre o povo do nome,
ou é uma desculpa esfarrapada para encobrirmos nossos erros teologais? E
xenofobismo ministerial?
Bem,
para esta indagação, depois de muita pesquisa com pastores contemporâneos e
também com pastores da velha guarda, consegui chegar em apenas estas três
definições que lhes comentei.
1
– A ideia de que Deus nos chamou para sermos pequeno.
2
– Por causa de erros teologais.
3
– Xenofobismo ministerial.
1
– A ideia de que Deus nos chamou para sermos pequeno: O povo do Nome sempre foi perseguido,
desde o surgimento da Igreja em Atos dos Apóstolos até o dia de hoje, costumo
dizer que a Igreja que não é perseguida não, sabe o que é servir a Deus. Agora
ser perseguido não é sinônimo de mesquinhez ou apoucamento. Somos pequenos
porque algo maior está por traz disto, uma vez que temos a verdade que liberta
e que o povo está se submetendo a palavra não deveríamos então sermos um grupo
grande?
2
– Por causa dos erros teologais:
Uma coisa que precisamos ter em nossas vidas ministeriais é que cometemos
erros, somos seres humanos e somos passivos de erros, alguns erros são naturais
e outros são de extrema dureza espiritual. E reflete no apoucamento de massas,
há divisões que são frutos de rebeldia, divisões que são frutos de crescimento,
porém, aqui quero apresentar um tipo de divisão que é fruto exclusivo de nossa
liderança equivocada. Quantos de nós em algum momento, lá no nosso intimo
pensamos, se eu tivesse pensado um pouco eu com certeza agiria diferente.
3
- Xenofobismo ministerial: Alguns
líderes sofrem de xenofobismo ministerial, ou seja, aversão de qualquer coisa
que venha de fora, os próprios membros que saíram de suas entranhas
ministeriais são xenofóbicos, pois aprenderam desta forma, desenvolvem um
“patriotismo” exagerado da sua Igreja e não conseguem olhar que os demais
irmãos e amigos tem boas ideias e podem aportar para o crescimento da Igreja.
Estes motivos são a princípio muito
simplistas não é mesmo? como poderíamos ter igrejas tão pequenas com equívocos
tão pequenos? Porém, fazem toda a diferença pois o conceito vindo da
perseguição de que somos um pequeno rebanho, nos amolda a padrões medíocres de
pensamento, de atitude e principalmente de ganhos para o reino de Cristo Jesus.
Por outro lado, este pensamento que também é um erro teologal adicionado a
outros erros teologais fazem com que a Igreja se amolde em fragmentos
minoritários cada vez mais exacerbados, e por último, o xenofobismo ministerial
nos leva a entender já que somos pequenos, cometemos por nós mesmos os nossos
erros não deixaremos então que ninguém venha cometer erros em “nossos
quintais”.
Sigamos
para a nossa segunda pergunta:
Por que somos gente
desconhecida?
Já
expressou o Pastor Silas Malafaia sobre nós unicistas, que somos a minoria, da minoria,
da minoria. Muitos se enclausuraram em seus complexos de inferioridades e
aceitaram tal ataque, porém, a resposta não virá com o enclausuramento, ou com
a aceitação de que somos desconhecidos, precisamos encontrar a resposta. Tenho
comigo algumas opções:
1 – Somos desconhecidos porque não nos
juntamos.
2 – Somos desconhecidos porque queremos
andar com os pagãos trinitários
3 – Somos desconhecidos porque nossa
apologia é pobre.
1
- Somos desconhecidos porque não nos juntamos: Os grandes movimentos Unicitários do
Brasil, tais como Igreja Pentecostal Unida do Brasil, Igreja Apostólica (a
inconfundível), Igreja Evangélica Apostólica, Igreja de Deus, Voz da Verdade e
outros grandes movimentos, recusam-se arduamente em unirem forças com os
movimentos minoritários, por acreditarem que eles são grupos rebeldes que
saíram dos grandes. Ora é obvio que existem casos de rebeldia, porém, eu
pergunto seria todas as Igrejas pequenas rebeldes? Se caso a resposta seja
afirmativa, Deus estaria operando na vida destas Igrejas por pura misericórdia?
Ou porque Ele realmente tem um interesse especial em que dentro das grandes
Igrejas ocorra também uma diáspora?
A Igreja é o corpo místico na terra, e como
o corpo humano, possui mais de 130 células que se reproduz na incrível
velocidade de 300 milhões de células por minuto ou 432 trilhões de células
diariamente, mas formam desta forma um outro corpo humano? É obvio que não,
esta incrível renovação celular faz com que o corpo humano tenha uma
expectativa de vida de 74 anos no Brasil, o que isto quer dizer, que a Igreja
tem conseguido suportar século após século por causa da renovação das células
do mesmo corpo de Cristo, então antes de condenar e acusar de pecado de
rebeldia, analise o resultado da renovação.
Mas uma coisa é certa, apesar de que a
renovação e a pluri celularidade é necessário, precisamos estar todos ligados
no mesmo tronco para sermos corpos vivos.
2
- Somos desconhecidos porque queremos
andar como os pagãos trinitários: Talvez
a pior de todas as marcas do movimento unicitário hoje, é querermos andar como
os pagãos trinitários andam, acreditamos que podemos conquista-los andando como
eles andam, e lastimavelmente o Pastor Carlos Moises, afirmou em uma pregação
de muitos unicistas dentro de Igrejas trinitárias como “agentes secretos”,
queridos irmãos pensemos um pouco, será que é suficiente o batismo em Nome de
Jesus, porém, cearmos, comungarmos, dizimarmos com os trinitários? Será que nós
vamos nos esquecer do que eles fizeram? O escritor no livro de Hebreus cita um
pouco do escarnio que tipo logicamente os ministros passaram no AT.
prefigurando o sofrimento do povo unicista que viveram nas mãos dos trinitários
sob a ordem de Constantino, Lutero, Calvino e tantos outros: “...Os quais pela fé
venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas
dos leões, Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza
tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos
estranhos; As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram
torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor
ressurreição; E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e
prisões; Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram
vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos
quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas
e cavernas da terra...” (Hb.11:33-38 ARC).
E depois de tudo isto conviveríamos
como irmãos, talvez no seu coração você diga, mas nós precisamos perdoar,
querido ministro, não estou falando de perdão estou falando de atitude de fé,
não somos como os que golpeiam o ar, nós somos ministros do Senhor, temos uma
fé, nosso ministério não é terrenal, ou é? O hino 509 dos nossos hinários foram
escritos para nós o povo do nome.
3
– Somos desconhecidos porque nossa apologia é pobre: Seriamos desconhecidos por nossa apologia
ser pobre? É provável, o maior erro que um homem pode cometer e ser ignorante,
voluntária ou involuntariamente, a ignorância escraviza o ser humano. Todos de
alguma forma temos contribuído para a triste estatística da falta de leitura do
brasileiro, o brasileiro só ganha em leitura de livros para Taiwan e para
Coreia, porém, perdemos para Venezuela, México ou Argentina dentro do continente. Fora dele, turcos,
egípcios, árabes sauditas, húngaros, poloneses, indonésios, filipinos e russos,
desta forma nós cristãos poderíamos nos orgulhar? Pois pesquisas mostram que os
cristãos leem o dobro do que lê a população. Façamos uma análise, qual livro
você está lendo ou terminou de ler? Qual livro pegou pra ler e não foi até o
final? Pode ser que ao olharmos nosso desempenho como leitores poderemos então
entender que nossa apologia é pobre porque quase não lemos.
3 – Por que não vivemos a
unidade?
O
livro de Cantares diz assim: “...Sessenta são as rainhas, e oitenta as concubinas, e as virgens sem
número; Porém uma é a minha pomba, a minha imaculada, a única de sua mãe, e a
mais querida daquela que a deu à luz; viram-na as filhas e chamaram-na
bem-aventurada, as rainhas e as concubinas louvaram-na...” (Ct.6:8-9).
A
dificuldade da unidade é porque temos em nós algumas síndromes que
lamentavelmente não conseguiremos falar nelas hoje com a totalidade que eu
gostaria, mas a mais impressionante de todas é sem dúvida nenhuma a “SINDROME
DE CAIM”, eu não conseguiu ver no seu irmão coisas agradáveis e apenas que seu
sacrifício não foi aceito porque Deus aceitou do seu irmão, ele não entendeu
que poderia fazer melhor, apenas que o problema estava em Abel. Muitos lideres
hoje em dia também não se coloca na posição de servir e sim de olhar os acertos
dos outros, uma certa ocasião li sobre a diferença profissional do Japonês e do
Brasileiro:
O
Japonês diz acho que ainda posso melhorar um pouco mais
O
Brasileiro diz, não ficou tão ruim.
Será
que poderíamos fazer melhor? A unidade?
Para
tentar responder a esta difícil questão permitam-me falar sobre: UNIDADE, MODELO,
CAUSA E PROPOSÍTO
“Não rogo somente por estes, mas também por aqueles
que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos
sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós;
para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória
que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a
fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me
enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (Jo.17.20-23).
Na “Oração Sacerdotal”, como normalmente é chamada a oração de João 17, nosso
Senhor intercede pelos Seus, suplicando pela a unidade da Igreja (vs.21-23).
Não há nenhuma dúvida de que, para nosso Senhor, esse é um valor inegociável
que revela a santidade da Igreja, afirma sua legitima sua missão.
Como, porém, falar de unidade na diversidade, se no
contexto da própria Igreja muitos confundem unidade com uniformidade de
governo, liturgia e corrente teológica. Além disso, houve um tempo em que a
Igreja se dividia por divergência doutrinária, especialmente entre os anos 1960
e 1970. E se a partir da década de 1980, a Igreja passou a se dividir por
questões de poder eclesiástico, quando houve o grande booommmm da titularidade
poder nos títulos (obreiro, pastor, bispo, apostolo, patriarca etc...) nas
últimas décadas, as divisões se intensificaram por motivos ideológicos ou
político-partidários. Termos como “direitista” ou “esquerdista” têm sido
utilizados no objetivo de desqualificar o irmão "opositor". Eu falei
opositor? Mas, afinal, Cristo não morreu para que fôssemos um só povo?
A verdade é
que a unidade proposta por Jesus encontra na cultura atual uma realidade de
profunda adversidade.
A conduta individualista, a mentalidade descartável,
a lógica de competição e o modelo religioso de mercado são alguns fatores da
cultura vigente que explicam os cismas como uma prática rotineira na
experiência da Igreja.
A cooperação deu lugar à competição e o espírito de
concorrência torna a comunhão impraticável. Por isso falar de Igreja não
significa falar de Cristianismo; o deus presente no discurso religioso, com
frequência, não é o Deus da Bíblia; "outro" evangelho tomou o lugar
do Evangelho de Cristo; o ensino sobre pecado é raro; falar de mandamento bíblico
e de transgressão moral é politicamente incorreto; e o mais grave, a concepção
de salvação é temporária, materialista e terrena. A expectativa de fé de ordem
meramente terrena faz de novos evangélicos “os mais miseráveis de todos os
homens” (1 Co 15.19).
Estamos inseridos numa sociedade regida pelo
financismo. Não há mais lugar para a contemplação, a meditação, a piedade e a
transcendência. Valoriza-se a ação, o poder, a conquista e a inovação. A vida
se reduz a uma experiência de produção, lucro, consumo e exploração. O drama é
que nada disso, em última instância, é capaz de satisfazer e plenificar a alma.
O homem se "coisifica" à medida que seu valor é atribuído pela
capacidade de produção e de consumo. Assim, ele vale pelo que faz e/ou pelo que
tem, não importando seu caráter, sua história e valores.
Diante desse processo de secularização, a Igreja vai se tornando obsoleta, uma
peça de museu em completo desuso. Nós pastores temos apoiado e aportado para
isto, faltas de cultos, eventos motivadores, etc...
Existimos, porém, sem exercer qualquer influência na
cultura, na educação, no trabalho e nos diversos modos de relação econômica.
Há anos atrás orientávamos nossos membros a que tipo
de trabalho exercer, hoje, temos ladrões e meretrizes no rol de membros e o
pior dizimando.
Nossa ética não interfere nem influência nos valores,
decisões e escolhas do homem moderno. Daí, então, emerge uma “moral”
anticristã, que determina novos costumes, o modelo de família, a política
partidária e a promulgação de novas leis.
A cultura pós-moderna com sua lógica de consumo
investe em conceitos de bem-estar, estética e autonomia. Nos “supermercados da
fé”, a filosofia é semelhante. A oferta de crenças segue a lógica do marketing,
prometendo status, prazer e auto realização. No fim de tudo, o que temos é o
reinado da egolatria em que o homem fez de si mesmo o seu ídolo de estimação.
A Igreja sofre com o imediatismo e o pragmatismo da
cultura. Diviniza-se “o aqui e o agora”, negando sua identidade histórica e se
abstendo da esperança para o futuro. Assim, a Igreja vai se “asfixiando na
clausura do agora”, como já disse Zygmunt Bauman. Tudo isso tem contribuído
para a fragmentação e o divisionismo da Igreja, o que representa um grande
desafio para quem não desistiu de sonhar com a “utopia” de uma igreja una.
Devemos considerar a oração do nosso Senhor, na dependência do Espírito Santo,
com a finalidade de discernirmos pelo menos três verdades:
(1)
o modelo de unidade;
(2)
a causa primária da unidade;
(3)
o propósito da unidade.
1. O modelo de unidade (vs.
20-21)
Em sua oração, nosso Senhor suplica por uma unidade
extraordinariamente inclusivista, envolvendo crentes de todas as épocas,
culturas e lugares: "E rogo não somente por estes, mas também por aqueles
que virão a crer em mim pela palavra deles" (v.20). O que quer dizer que a
unidade da igreja repousa sobre o princípio da universalidade. Logo, nenhuma
igreja local é a igreja de Cristo. Afinal, se assim fosse, Cristo teria várias
igrejas e não uma só. Semelhantemente, nenhum ministro é, antes de tudo,
ministro da igreja local. Isso porque, antes de pertencermos a uma igreja
local, Deus nos inseriu na igreja universal. Todo crente ou líder tem por dever
zelar pela edificação da igreja universal e de sua unidade:
"O crente não é, em absoluto, tanto um membro de
qualquer igreja local quanto da igreja de Cristo, que não se encontra confinada
em nenhum lugar e nenhum povo. De forma semelhante, os ministros da igreja
cristã não são apenas ministros de determinada comunidade específica, mas de
toda a comunidade visível de crentes" (BANNERMAN, James)
Embora no plano local a Igreja seja plural, quanto à
universalidade a Igreja é una, significando que o Senhor Jesus tem uma só
Igreja. Em inúmeras passagens, o apóstolo Paulo refere-se à Igreja de Deus
sempre no singular (1Co.15.9; Gl.1.13; Ef.1.22; Fp.3.6; Cl.1.18, 24-25). Assim,
quem enxerga a Igreja local com status de universalidade termina se sentindo e
agindo como um papa universal. Apesar das dificuldades que são reais e
visíveis, devemos somar esforços em prol da Igreja espalhada em toda terra,
caso contrário estaremos não apenas negando a unidade, mas também rejeitando o
princípio da universalidade.
Nesse sentido é que devemos atentar para as palavras
de Henry Bullinger:
“Assim como há somente um Deus, uma Palavra, um
Filho, etc., da mesma forma há somente uma verdade divina, somente uma fé
cristã verdadeira e somente uma igreja cristã universal na qual todos os
crentes ouvem e aderem somente à verdade divina, amam o único Deus verdadeiro
com todo o seu coração e alma e força, cultuam e invocam e reverenciam somente
a Ele”.
O fato, porém, de pertencermos à igreja corpo místico e universal do nosso
Senhor não garante a unidade automática de todos os crentes, ministros e
comunidades locais. É dever de todos e expressão da espiritualidade bíblica
cultivar e promover a unidade do corpo, mesmo em face às diferenças e
divergências.
2. A causa primária da
unidade (v. 22)
Após
destacar o modelo e a abrangência dessa unidade, o Senhor nos revela porque sua
oração é muito mais do que um sonho utópico: “Eu lhes dei a glória que me
deste, para que sejam um, assim como nós somos um” (v.22). Em outras palavras,
nosso Senhor está dizendo que essa unidade é possível porque Ele mesmo já deu a
igreja o que ela precisa para tornar prática a verdadeira unidade.
Convém, então, que perguntemos: Que glória é essa que Cristo recebeu e concedeu
a igreja a fim de torná-la una? Essa não é uma questão fácil de responder,
porém há pelo menos três elementos que podem elucidar, trazendo luz à nossa
interpretação.
Primeiro, devemos lembrar que
o uso da palavra “glória” na Bíblia é normalmente a maneira de nos fazer
entender que o Deus transcendente se revela, isto é, se faz imanente. Glória é um
termo usado para falar da majestade, poder, santidade e justiça divinas.
"Glória" é o modo como os atributos de Deus são comunicados ou
simplesmente revelados ao Seu povo. Quando Cristo diz que deu dessa glória
recebida, Ele está declarando que, em sua deidade, nos entregou a sua Glória;
nEle o próprio Deus se tornou a dádiva maior para o Seu povo (Jo.1.14). Logo,
Cristo é a causa primária ou a fonte da verdadeira unidade.
Cristo também é a causa primária da unidade nas analogias paulinas que tratam
da natureza Igreja. Em cada uma delas, evidencia-se que a referida unidade é de
natureza cristocêntrica:
1)
Corpo de Cristo (Rm.12.5; 1Co.12.12-28);
2)
Família de Deus (Ef.2.19);
3)
Edifício espiritual (Ef.2.20-22; 1Co.3.10-17);
4)
Noiva de Cristo (Ef.5.32)
A unidade da Igreja está mística e intrinsecamente relacionada à obra e à
pessoa de Cristo. Não podemos pensar a Igreja destituída do atributo da
unidade. Uma vez que Cristo é a cabeça do corpo, o governante da família, a
principal pedra do edifício e o noivo da noiva, isso quer dizer que a unidade
da igreja repousa em Cristo como mediador crucificado, ressurreto e exaltado.
Dependemos totalmente de Cristo para vivermos em unidade como destaca o
reformador João Calvino ao comentar Romanos 12.4-5:
“Somos chamados com a condição de vivermos unidos em
um só corpo... E já que os homens não podem chegar a tal união por si mesmos, o
próprio Senhor se tornou o vínculo dessa união”.
O apóstolo Paulo aponta de muitas maneiras que a fonte da verdadeira unidade é
Cristo. Contra a tendência separatista e exclusivista, de orgulho e soberba
racial dos israelitas, ele proclama que em Cristo, por um só Espírito, Deus
batizou para ser um só corpo, judeus, gregos, escravos e livres. Sendo dado a
todos beber de um só Espírito (1Co.12.13). A isso ele acrescenta que Cristo se
tornou a nossa paz e depois de demolir o muro de separação, desfez a inimizade,
fazendo de ambos os povos, judeus e gentios, um só (Ef.2.14). Cristo se opôs a
todo preconceito de superioridade ou de inferioridade por conta das diferenças:
“Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher,
porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Ef.3.28).
Segundo,
precisamos lembrar que Jesus é o verbo encarnado que veio comunicar as boas
novas de salvação. O verbo encarnado e proclamado é de fato a glória que torna
essa unidade possível (vs.6-8). Isso quer dizer que aqueles que são submetidos
à Palavra, que são libertos e alimentados por ela, são desafiados a andar em
unidade.
A Oração Sacerdotal mostra que nosso Senhor também orou pela santidade da
igreja (v.17). E quando o fez, Ele considerou a verdade como meio indispensável
para tal fim. Podemos concluir, ainda que por inferência, que assim como não
existe santidade sem a verdade, tão pouco poderá haver unidade sem a verdade
normalizadora e transformadora do Evangelho.
Terceiro, a
declaração do nosso Senhor de que concedeu a glória recebida, visando à unidade
da Igreja, pode perfeitamente ser uma referência ao Espírito Santo que embora
já estivesse em plena evidência no ministério de Cristo e na vida dos
discípulos, ainda assim, haveria de ser derramado como torrente d'água após Sua
ascensão aos céus.
Ainda no Evangelho de João, nosso Senhor prometeu que enviaria outro consolador,
o Espírito Santo, e que Ele guiaria os discípulos na verdade (Jo.16.13). Posteriormente,
o apóstolo Paulo exorta a Igreja em Éfeso à unidade, denominando-a de “unidade
do Espírito”. O apóstolo destaca, também, que temos todos “um só Espírito”,
fator determinante para que vivamos em unidade. Significando, portanto, que o
Espírito que guia o crente na verdade do Evangelho é o mesmo Espírito que
promove a unidade (Ef.4.3-4). Afinal, nada acontece na vida do crente sem a
ação do Espírito e nada o Espírito faz sem a devida aplicação do Evangelho.
Portanto, a unidade é possível porque Cristo nos deu
a Sua glória.
3. O propósito da unidade (v.
23)
Conforme o verso 23, podemos concluir que a unidade
representa um apelo evangelístico de grande impacto e poder de persuasão. A
unidade tem o propósito missiológico.
Ao comentar Efésios 4.16, Calvino destaca o amor
prático como meio de unidade:
“Caso queiramos ser considerados em Cristo, que
nenhum de nós seja tudo para si mesmo, senão que, tudo quanto venhamos a ser, sejamos
em relação uns aos outros. Isso só pode ser realizado pelo amor; e onde o amor
não reina, também não existe edificação para igreja, senão mera dispersão”.
Porém, a igreja não poderá se evidenciar como um projeto de comunidade
saudável, confiável e relevantemente frutífero, caso prevaleça a cultura
cismática e fragmentária dos nossos dias. O divisionismo não apenas enfraquece
a missão, mas revela nossas profundas contradições em relação a nossa pregação.
No divisionismo, a pregação do amor, do perdão, da humildade e da tolerância,
simbolizada no princípio da “outra face” e da “outra milha”, é sufocada por
ações e motivações egoístas, pelo radicalismo raivoso, pela soberba arrogante e
pelas crises de poder da política eclesiástica.
A unidade é imprescindível para a missão. Dada a imensidão dos desafios, é
nosso dever unir as forças, os recursos e dons que Deus tem nos dado a fim que
tenhamos bom êxito na gloriosa missão de levar o Evangelho a toda criatura.
Ao comentar 1 Coríntios 12.11, Calvino denuncia o pecado da autossuficiência:
“Paulo intima os Coríntios à unidade, lembrando-os de
que todos os dons que possuíam, obtiveram-nos de uma única fonte; mas, ao mesmo
tempo, ele prova que ninguém possui tanto para que se sinta autossuficiente,
que não necessite do auxílio de outrem... Ele (O Espírito de Deus) não
distribui tudo a um só indivíduo, para evitar que alguém fique tão satisfeito
com sua porção, que procure isolar-se dos demais, vivendo unicamente para si”.
E na prática?
Chamo
a atenção, agora, para que consideremos e reflitamos sobre algumas implicações
de ordem prática e para os cuidados que precisamos ter no compromisso de
promover a unidade, conforme o que vimos na oração do nosso Senhor:
- Devemos nos esforçar para evitar os cismas
Às
vezes somos acusados de trazer nas nossas origens protestantes a cultura do
cisma. Que seja dito, porém, que Lutero não foi um mero iconoclasta. É fato que
ele chamou a hierarquia romana de “a igreja-prostituta do diabo” e que queimou
alguns documentos da igreja. No entanto, Lutero queria apenas que a verdadeira
igreja, una, santa e universal fosse resgatada das trevas medievais.
Lutero não era um individualista arrogante e, muito menos, um desses
desistentes da fé, cujas críticas não têm o menor propósito de promover
exortação, edificação e consolo à Igreja de Deus. Ele jamais negou o caráter
comunal da Igreja de Deus. Dizia ainda: “a igreja cristã é tua mãe”.
Justificativa? “É ela ‘que te faz nascer e te guia pela Palavra’”. Lutero tinha
a igreja na mais alta conta:
"Ela me é querida, a digna donzela,
E não a posso esquecer;
Dela o louvor, a honra e a virtude se comentam;
Então meu amor ainda mais cresce.
Eu busco o bem dela é, se eu quisesse endireitar os caminhos do mal,
Não me importo, ela vai me recompensar,
Com amor e verdade que não se esgotarão,
Que ela sempre me mostrará;
E fará tudo o que eu desejar”.
Quando perguntado, certa vez, sobre o que é a igreja, Lutero respondeu:
“Ora, uma criança de sete anos sabe o que é a
igreja, isto é, cristãos santos e ovelhas que ouvem a voz de seu pastor”
Calvino acreditava que quem abandona a Igreja
renuncia o próprio Deus e a Cristo e que os cismas consistem em grande pecado:
“Pois o senhor estima tanto a comunhão da sua igreja
que Ele considera como um traidor e apóstata da religião quem perversamente se
retira de qualquer sociedade cristã que preserva o verdadeiro ministério da
Palavra e os sacramentos”.
O cisma é um pecado terrível que se comete contra a autoridade de Cristo. Em
nossos dias, as questões mais triviais se constituem em motivo de divisão. Há
três práticas que, corriqueiramente, fazem o corpo de Cristo
"sangrar" nesse País:
a) A constante troca de igreja por
motivos de contenda. A
incapacidade de superar diferenças e dificuldades torna-se razão para que
muitos crentes não fixem residência em nenhuma igreja local por muito tempo. O
problema é que se a igreja é universal, como posso ter unidade com a “nova”
igreja se continuo com a comunhão quebrada com a “antiga” igreja?
b) O movimento dos “desigrejados”. Se não
há lugar para mim em nenhuma igreja local como posso pertencer à igreja
universal? Como membro do corpo místico de Cristo, sou convocado a dar
visibilidade ao Reino de Deus por meio da Igreja visível. Quem desiste da Igreja
alegando pecados e contradições, nada mais faz se não atestar sua própria
arrogância e desamor pela noiva de Cristo.
A oração do Pai Nosso pressupõe a existência de uma
corporação. Em nenhum momento, encontramos alguma expressão voltada para o
individual ou para o enclausuramento personalista e isolacionista. As
expressões presentes na oração do nosso Senhor apontam para uma experiência
comunitária, inclusivista, relacional, comunal, fraternal e solidária.
Ao comentar Efésios 4.12, Calvino parece falar dessa
tendência atual dos chamados sem-igrejas:
“Nossa verdadeira plenitude e perfeição consiste em
estarmos unidos no corpo de Cristo... Tais são os fanáticos, que inventam para
si mesmos revelações secretas do Espírito, bem como os soberbos que acreditam
que lhes é suficiente a leitura privativa das Escrituras, não tendo qualquer
necessidade do ministério da igreja... A melhor forma de promover a unidade é
congregar [o povo] para o ensino comunitário...”.
Ainda em Efésios 4.4, Calvino vê a unidade da igreja como um sinal visível do
reino:
“Quanto deveríamos odiar todas as discórdias, se porventura refletíssemos
convenientemente que todos quantos se separam de seus irmãos, eles mesmos se
fazem estranhos ao reino de Deus!”.
c) A filosofia de ministério que
norteia a abertura de novas igrejas. O crescimento entre evangélicos dá-se
mais por divisão do que por multiplicação, dá-se mais por proselitismo do que
por evangelização e discipulado. O surgimento de muitas igrejas, antes de ser o
resultado de uma ação missionária promovida pelo Espírito Santo, decorre da
luta pelo poder, dificuldade de se submeter a alguma autoridade e até mesmo
como fonte de lucro dos atores envolvidos. Lembremo-nos, porém, que assediar
crentes de outra comunidade é ignorá-la como parte constitutiva do corpo de
Cristo. Além do mais, no proselitismo evangélico, o princípio de cooperação e
comunhão é substituído pela lógica da concorrência e da competição.
Que
atentemos, então, para a advertência de James Bannerman:
“Não pode ser ofensa pequena aquela que faz o reino
único de Deus neste mundo parecer dividido contra si mesmo, e propenso a
desabar”.
- Devemos preservar a unidade
sem negociar os conteúdos da fé
Destacamos,
aqui, o exemplo do Rev. John Stott, que frequentemente era questionado do
porquê da sua permanência na igreja da Inglaterra, uma vez que ele discordava
de muitas das suas práticas e doutrinas. Stott procurava explicar sua posição,
delineando três caminhos possíveis:
Primeiro, Stott apresenta a
opção de separação da igreja. Essa seria, segundo ele, a decisão de preservar a
pureza doutrinária da Igreja. Stott observa, porém, que, via de regra, a
tendência aqui é de "buscar a pureza da verdade à custa da sua
unidade". Identificamos nessa prática a tendência de uma apologia do
desamor. A indiferença e o descaso para com o outro é justificada em nome da
verdade. Nesse caso, resta o moralismo e o legalismo impiedoso, bem ao estilo
do exclusivismo separatista dos fariseus que Jesus tanto combateu.
A
despeito dessa questão, Stott pondera, dizendo que:
"Precisamos lembrar, porém, que os próprios reformadores do século XVI
eram cismáticos muito relutantes. Eles não queriam deixar a Igreja Católica.
Pelo contrário, sonhavam com um catolicismo reformado, uma Igreja reformada de
acordo com a Escritura, estando interessado tanto na pureza quanto na sua
unidade. Calvino, por exemplo, escreveu em 1522 que a separação das igrejas
estava ‘entre as maiores desgraças de nosso século’”.
Segundo, Stott menciona a
opção da concessão e até da conformidade. Trata-se do posicionamento de que
devemos lutar pela unidade a qualquer custo. Ainda que para preservar a unidade
tenhamos que sacrificar a verdade no altar da pluralidade, do relativismo e do
liberalismo teológico. É como se alguém dissesse que, em nome da unidade
proposta por Jesus, nós devêssemos abrir mão da verdade ensinada nas
Escrituras.
Observe que as duas opções até aqui mencionadas
contrastam em seus extremos e caminham de modo irreconciliáveis, promovendo o
empobrecimento da fé, minando a identidade da igreja, enfraquecendo a missão e
comprometendo a credibilidade do seu testemunho. Afinal de contas, como
preservar a identidade se não houver clareza quanto aos fundamentos da fé? Como
falar de missão se a igreja estiver sangrando ou se os conteúdos da sua
pregação forem retirados, substituídos ou deturpados?
Terceiro, Stott
opta pela opção da abrangência sem concessão. O Rev. John Stott destaca que
essa é a mais difícil das três opções. De fato. A primeira é muito fácil. Só
precisamos entrar no nosso “mosteiro” ou na “caverna” da super espiritualidade,
separar-se de todo mundo e optar pelo o enclausuramento religioso. A segunda
opção é a da conveniência. No mundo do politicamente correto, da pluralidade e
da rejeição a todo conceito de verdade absoluta, nada é mais conveniente do que
se tornar um desistente da verdade. Porém abrangência sem concessão é sempre um
caminho de tensão, de reflexão, de reconstrução, de negociação, de resgate e
redescoberta do que se perdeu, de se despojar de tradições ou costumes que nada
tem a ver com a universalidade da Igreja.
Por isso mesmo é que Stott propõe “que a unidade deve
ser na verdade e que a abrangência deve ser regida por princípios...”. Porém,
nossa tendência natural é de nos isolarmos e de nos fecharmos em torno da nossa
caverna eclesiástica. Pensamos, então, como Elias que não há nada nem ninguém
além de nós mesmos. O resultado disso é depressão nas crises e orgulho no
sucesso. Além disso, tornamos absolutas as nossas opiniões, liturgias, métodos
de crescimento e modelo de funcionamento, ao mesmo tempo em que ignoramos
quaisquer expressões da Igreja em outros lugares ou épocas.
- Devemos cultivar a comunhão e realizar a
missão com outros irmãos
A questão aqui é das mais controversas. Como saber em
que situação eu posso deixar a igreja sem cometer o pecado do cisma? Quem eu
devo ou não considerar evangélico? Com quem eu posso me juntar para comer o pão
e cumprir a missão?
Em tese, só há uma situação que justifica o abandono
da igreja: quando ela renega o Evangelho e se recusa arrepender-se desse
terrível pecado. Acreditamos que tenha sido esse o caso de Lutero.
Como disse Orígenes: "Às vezes acontece que a
pessoa que sai [da igreja] está dentro e a pessoa que parece permanecer está
fora".
Devemos considerar, à luz da Escritura e da História,
que igrejas apostatam da fé. Toda vez que uma igreja se desvia da sã doutrina e
impõe sobre seus membros o pesado jugo de costumes, práticas e ensinos que
contradizem a Palavra de Deus, não havendo como reverter tal situação, o crente
que decide desligar-se dela não será culpado de tal cisma. Como, porém, saber
se a igreja local é parte constitutiva da Igreja universal para que eu possa
permanecer nela e com ela manter comunhão?
A grande tensão aqui é como preservar a unidade
evangélica sem que isso resulte em prejuízo para a doutrina, a ética e a
credibilidade do testemunho da Igreja. Quanto a essa tensão, que de fato
existe,
É
fato que o termo “evangélico” tem passado por mudanças radicais nos últimos
anos. Como definir o que é evangélico num evangelicalismo sincretista e marcado
pela pluralidade de seitas “neo-evangélicas”? É exatamente aí que devemos
perguntar: a igreja em questão adota esses princípios de fé, reconhecendo a
autoridade e suficiência da Escritura e a justificação pela fé somente?
Assim como fizeram os reformadores, caso a resposta seja positiva, devemos
primar pela unidade da igreja, andando em comunhão com outros irmãos, pois,
ainda que sejamos discordantes em muitas questões, consideradas secundárias,
nas questões centrais e inegociáveis da fé, cremos e confessamos uma só
verdade.
Ao comentar Efésios 4.1, Calvino destaca a importância da humildade para que possamos
superar as diferenças triviais: "Aquele que se desfaz da arrogância e
cessa de agradar a si próprio se tornará manso e acessível. E quem quer que
persista em tal moderação ignorará e tolerará muitas coisas nos irmãos".
Conclusão
Cremos que a unidade é um ensino bíblico que exige de todo crente,
especialmente, dos líderes, um compromisso prático. Precisamos suplicar ao
Senhor para que Ele nos dê coração quebrantado e verdadeira humildade. O corpo
de Cristo não pode continuar "sangrando" por conta de vaidades e
intolerâncias gratuitas. Uma vez que o amor é a expressão maior da vontade de
Deus para Seu povo, revelada na Sua palavra, convém, então, que o amor triunfe,
que o perdão prevaleça e que o viver em comunhão transcenda sobre a mesmice da
contenda e da hipocrisia.
Que Deus promova temor em nossos corações no intuito de andarmos em
conformidade com Evangelho, sendo instruídos e corrigidos pelo Seu Espírito,
amando e servindo Sua igreja com zelo e santa devoção. Pois, se assim
procedermos, viveremos como membros do corpo de Cristo, membros da família de
Deus e como edifício “bem ajustado [que] cresce para ser templo santo no
Senhor”, seremos todos “edificados para morada de Deus no Espírito” (Ef
2.19-22).
Desta forma fica explicito também a proposta de POR QUE SOMOS
CONSIDERAMOS UMA SEITA?
É
simples pelo fato de mantermo-nos dentro da caverna de Adulão, pelo fato de nos
mantermos escondidos precisamos sair e nos apresentar como gente disposta a
servir ainda mais que Jesus já está voltando.
Por
fim só mudaremos especificamente este quadro quando entendermos que Jesus está
voltando e que o que nos une (O NOME DE JESUS) é muito maior que o que nos
separa.
A
diáspora sempre foi importante para a história da Igreja, agora a unidade é
essencial para a vinda de Cristo, Ele não virá com uma pá para recolher os
cacos da Igreja, Ele virá para buscar sua noiva, santa e imaculada. E ai quem é
você no corpo de Cristo?
Trecho extraido do livro AVIVAMENTO NOW (Já disponivel)
de Pr. Dr. Wagner Teruel
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