O Assassinato

 

O assassinato

Era seis da manhã, estranhamente Carlo já estava na porta da velha capela tocando a campainha para que o Pastor Guillermo abrisse a porta, o velho pastor ainda de pijamas e sem entender muito bem, pede um segundo volta a casa se arruma, e quando retorna pergunta sem rodeios: - Por que tão cedo Carlo?

Carlo responde: - Fiquei impressionado com a nossa conversa ontem que resolvi chegar cedo para aprender mais, depois de ontem percebi que preciso aprender muito contigo, Pastor Gui o senhor tem aberto minha mente e quero muito aprender contigo, percebi que os anos que passei na Universidade não me ensinaram tanto o quanto aprendi ontem contigo, sobre o que falaremos hoje?

Bem meu caro Carlo, gostaria de falar sobre um assassinato, que aconteceu a muito e muito tempo atras. 

Adão e Eva expulsos do condomínio CITÉ DE DIEU, agora caminhava feito um nômade, o casal tiveram alguns filhos, dois em especial chamam a atenção seus nomes Caim e Abel, com certeza você conhece eles não é mesmo? Mas, de uma forma impressionante cumpriu-se o que afirmou FIODOR DOSTOIÉVISKI, quando disse que o homem tem um vazio do tamanho de Deus, parece que era mesmo verdade, tanto Caim como Abel, tinham um desejo enorme de reatar a amizade com o Amigo Fiel, e não sabiam muito bem qual o caminho a seguir, mas precisavam de alguma forma chamar a atenção.

Bem na entrada do condomínio CITÉ DE DIEU, preparam todas as coisas, era um dia especial, não era igual as manhãs em São Paulo, fria e cinzenta, era um dia onde os pássaros insistiam em louvar a Deus de seus galhos, os animais saltavam no campo e o sol brilhava esplendoroso no firmamento, havia nuvens brancas de vários formatos, podia-se perder muito tempo olhando para o céu, mais alguns anos a frente e o poeta escreveria o Salmo 19 dizendo: “...Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos...”   e aqui pra nós, a obra das mãos de Deus é perfeita.

De forma muito estranha apresentaram-se à entrada do condomínio, um olhava para o outro e era inevitável as risadinhas de canto de olhos, a pergunta de um para o outro era inevitável: - Mas o que você tem ai? Que tipo de oferta trará para o AMIGO FIEL? Caim pegou frutas deliciosas e lindas, eram simplesmente perfeitas, vez ou outra esfregava uma das maças na própria roupa para reforçar o brilho da maçã. Mas o que Caim não sabia é que por causa de uma fruta seus pais foram expulsos do condomínio, Abel sabia disto, e riu alto falando para Caim, não faça isto, ofereça qualquer outra coisa. Mas e você Abel o que vai oferecer? Perguntou Caim. Que é isto? Um animal? Vai levar um cordeiro? Pensa que desta forma poderá passar pelo anjo e sua espada flamejante na entrada do condomínio?  

Ambos se aproximam da portaria do condomínio Cité Dieu, chamam pelo porteiro e pedem uma audiência com o AMIGO FIEL, apressadamente o AMIGO FIEL, desce as escadas dos céus e se coloca confortavelmente na sua poltrona de nuvens para desfrutar da adoração dos filhos do seu amigo Adão, mas a frente o poeta iria traçar uma composição e afirmar que: - DEUS HABITA NO MEIO DOS LOUVORES.

Caim meio sem jeito e um tanto irritado pelo que Abel falou sobre como o pai Adão foi expulso do condomínio, oferece frutos e agrados ao AMIGO FIEL, após alguns louvores e adoração.

Chega a vez de Abel, e começa adorando no principio que agrada a Deus, e começa falar da majestade e grandeza de Deus, de como após sentenciar o homem, providenciou roupas de peles de animais, para o homem cobrir sua nudez e vergonha, os frutos e as folhas de figueira não conseguiam cobrir a nudez do homem foi necessário a morte de um animal. Tendo dito isto, a frente de todos imolou o cordeiro, derramou o sangue, e dançou com jubilo na presença do AMIGO FIEL, estava obvio a alegria nos olhos do AMIGO FIEL, o decreto estava estabelecido: SEM DERRAMAMENTO DE SANGUE, NÃO HÁ PERDÃO.

Abel e Caim, se despedem do AMIGO FIEL, eles tinham muita coisa para contar para os pais quando chegassem em casa, Abel não parava de falar, e abraça o irmão e diz: - presta a atenção nos detalhes meu irmão, na próxima o AMIGO FIEL, vai aceitar sua adoração também. 

O semblante de Caim era perturbador, havia ódio nos olhos dele, mas Abel estava tão feliz que nem percebeu nada, chegam em casa e comentam com o pai e com a mãe estranhamente Eva percebe que Caim estava amuado em um canto apenas ouvindo e vendo os olhos de Abel brilharem.

Ele se recolhem em seus aposentos, e na manhã seguinte o AMIGO FIEL, manda uma mensagem para Caim, Ele queria conversar, o coração de Caim dispara, será que o AMIGO FIEL, havia refletido e resolvido aceitar minha adoração?

Repentinamente o Capelão Guillermo, para sua narração e se vira para o Aspirante Carlo e diz: - Não é assim com a gente também? Não observamos a lei de Deus, não nos preparamos para oferecer nossa adoração e mesmo assim queremos que Deus aceite o que temos, como temos sem nos preocupar como fazer. Ao final, chegamos na presença de Deus e oferecemos frutas ao invés de oferecer um verdadeiro sacrifício.

Carlo põe-se pensativo e começa a chorar copiosamente, estava chegando ao seu coração o arrependimento por tantas vezes ter sido um cristão relapso, despreparado e desmotivado. Era hora de tomar uma atitude, arrepender-se e converter-se, a escola teológica não o havia ensinado assim, mas as palavras do velho GUI haviam tocado em seu coração, neste momento Carlo sentia que de alguma forma era do “time” de Caim, totalmente despreparado e confuso na adoração.

O pastor Guillermo continua seu relato: - Bem Carlo, Caim se coloca em pé e prepara a sua apresentação para o AMIGO FIEL, chega na portaria do Condominio ele se apresenta para o porteiro, prontamente o AMIGO FIEL desce na sua carruagem e se assenta entre as nuvens, antes mesmo de Caim começar a falar o AMIGO FIEL diz: - Percebi que você está furioso, e por que o seu rosto está furioso? Por acaso você não sabe que se fizer o certo seu sacrifício e adoração também será aceito? Um dia falei com seu pai Adão sobre isto e lhe disse que a serpente havia sido colocada no Condominio para que o homem exercitasse o livre arbítrio, infelizmente seu pai não soube lidar com isto e perdeu a chance de morar aqui, agora é com você, caso siga com este sentimento de ódio e rancor no seu coração, também será sentenciado e eu não quero isto para você. Agora você já pode ir: - disse o AMIGO FIEL.

Caim saiu da presença do AMIGO FIEL, sem ao menos poder pedir desculpas, sem ao menos se explicar, ele estava ainda mais enfurecido, a ideia da transferência de culpa que aconteceu no condomínio parece que estava tomando conta dele.

Passaram-se alguns dias seu semblante estava descaído, sua mente estava perturbada, e Abel chega perto dele e o cumprimenta, ele apenas resmunga um cumprimento, Abel entra cantarolando uma canção qualquer e Caim bate a mesa e se levanta, sai para fora, toma um ar, olha para os céus, ele de tão enfurecido não conseguia ver o brilho do sol, ele não conseguia sentir o aroma das flores ele apenas via o que estava de errado. Abel sai da tenda e Caim se aproxima dele e o chama para uma caminhada no campo. Logo retorna a casa, estava aliviado, estava respirando melhor uma carga havia saído de suas costas, agora sorria, agora cantarolava.

De repente a policia dos céus chega, todos são entrevistados, a pergunta era, por que estamos sendo interrogados? O que aconteceu? Apenas foram informados de que havia ocorrido um crime, Abel estava morto, a comoção foi total, todos os membros da família choram desesperadamente pela morte do irmão Abel, foi ele quem conseguiu chegar mais perto do condomínio e do AMIGO FIEL, agora de novo estavam distantes.

Diante das investigações, foi se afunilando as suspeitas quando de repente dos céus brada O AMIGO FIEL agora todos sabiam onde era a habitação do AMIGO FIEL.

- Caim o que foi que você fez? Onde está seu irmão Abel? 

Como o argumento já estava preparado, Caim lhe responde: - Por acaso sou eu guardador do meu irmão? Chegaram aqui e nos informaram que ele está morto mas que posso eu falar sobre isto? 

Ao que o AMIGO FIEL lhe diz: - Olha o sangue do seu irmão clama por justiça, a terra está manchada de sangue por sua culpa, você é acusado e condenado por ter matado seu irmão.

Todos se entreolharam, e meneavam a cabeça como que não acreditando no que havia acontecido, era fim do suspense, a sua mãe chorava, Adão se ajoelha frente a Caim e disse: - meu filho quantas vezes eu te falei sobre a bondade do AMIGO FIEL, mas também sobre o fato de Ele ser justo.

O AMIGO FIEL como um grande juiz entrega a sentença a Caim e diz: Caim coloque-se em pé. Porquanto matou seu irmão por inveja e ódio, você será maldito nesta terra manchada pelo sangue do teu irmão você não poderá mais viver, você passará a vida como fugitivo, quando cultivar a terra ela não lhe dará mais o fruto.

Caim ainda mais revoltado, admite seu crime e questiona a sentença: - Agora serei errante, a terra não produzirá, e quando andar por ai as pessoas que me encontrarem me matarão, na verdade a preocupação de Caim era sobre seus irmãos, pois a noticia iria se espalhar rapidamente, ao que o AMIGO FIEL responde: - não será assim, se alguém matar você e olha para a família de Adão, será castigado severamente em sete vezes mais, em você colocarei a marca de assassino, todos ao te encontrarem fugirão de você, todos saberão que você é um assassino.

Neste momento a doce Catarina (esposa do capelão) entra na ante sala da secretaria da Igreja e diz: - o almoço está pronto, preparei uma carne de panela com batatas e um tempero incrível, venham almoçar depois vocês continuam.

Tanto o velho soldado como o aspirante se dirigem a mesa estavam todos os membros da família reunidos, tanto Francis, Raul e Ted, era um dia especial, os netos a mesa as noras, ao que Carlo se constrange e fala: - oh eu não sabia que vocês estavam reunidos em família, eu posso esperar na Igreja ou voltar amanhã, mas a família insistiu e ele sentou-se a mesa o cheiro da comida, a salada, enfim tudo estava perfeito.