Manhãs de Outono
Era uma manhã cinza e chuvosa de outono, naquela época São Paulo ainda era chamada de Terra da Garoa, um apelido sugestivo, trazendo alusão à velha Paris. As arvores estavam sem folhas, os galhos mostravam a morbidez da cena, pessoas com seus casacos e guarda chuvas andavam apressadamente tentando fugir inutilmente dos pingos de chuva gelados que caiam intermitentemente.
Na correria deste dia frio, Carlo bate a porta da secretaria da velha capela, o Pastor e Capelão Guillermo abre a porta, ele entra apressadamente e se esconde do frio e da chuva.
Carlo um jovem aspirante ao ministério pastoral, estava aprendendo com o Capelão e Pastor Guillermo.
Carlo tinha 26 anos de idade, olhos castanhos, um pouco acima do peso, havia terminado de estudar teologia, agora estava fazendo estagio e aprendendo as praticas do ministério pastoral, era solteiro, um pouco desajeitado, na vida cotidiana era tímido, mas quando subia para ministrar a Palavra de Deus, ele simplesmente se transformava, mesmo com a pouca experiencia que tinha conseguia fazer as pessoas vibrarem nos cultos, lagrimas eram constantes, conversões eram comuns, mas havia um problema, ele não conseguia entender a diferença de literalismo e figuras retoricas, ele não entendia a diferença de judaísmo e cristianismo, mesmo tendo feito teologia, a sua ênfases havia sido em historiologia o que o tornava incapaz de compreender as diferenças textuais.
Já Guillermo era um ancião com setenta e seis anos de idade, prestes a ser jubilado, em mais alguns meses não seguiria atuando mais no ministério pastoral de forma ativa, então tentava capacitar o jovem Carlo para o ministério. Guillermo tinha sua doce esposa Catarina e três filhos Francis o primogênito, Raul o filho do meio e Teodorico (TED) o caçula. Tanto Francis quanto Raul haviam abençoado o velho GUI (assim era chamado na família), com netos que faziam a alegria da casa.
O velho capelão abre a porta, e Carlo abruptamente empurra a porta e meio molhado e com os olhos arregalados cumprimenta o ancião e começa a tirar as roupas como um efeito cebola. Enquanto ia tirando as capas, e blusas de frio, começa a narrar o que havia acontecido no metro quando estava se dirigindo para o escritório da Igreja.
Carlo era emocionalmente ativo e tudo que contava, contava com extrema impetuosidade, e ênfases, no trajeto para a Igreja ele havia presenciado um assalto seguido de morte, seu coração ainda estava muito acelerado, lembrava-se da correria, dos gritos desesperados das pessoas, crianças chorando, e mães protegendo aos filhos. Havia sido terrível aquele momento.
Carlo se esforçava para apresentar os detalhes que já estava sendo relatado nas emissoras de TV, parece que era um caso de crime passional, o namorado havia sido deixado e não se conformando com a situação resolveu tirar a vida da jovem Sophia, o assassino já estava nas mãos da policia, era reu confesso, antes mesmo de Carlo contar a historia para o velho Gui, a tv já havia dado todo o relato.
O capelão aproveita a situação e sentados na ante sala da secretaria da Igreja, convida-lhe para ouvir algumas historias, sobre crimes, paixão, embustes mas acima de tudo com a imaginação fértil, tenta exaustivamente criar um clima de suspense, antes porem, entrega para o aspirante Carlo uma xicara de café que havia acabado de passar, café perfeito, meio forte, pouco açúcar, esfumaçeava um aroma incrível, numa xícara verde velha com o logo da escola que o velho havia estudado teologia e guardava-a com extremo carinho e atenção.
Por Pr.Dr. Wagner Teruel
Texto extraído do livro: QUEM MATOU SOPHIA?
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