A hora do almoço
Estando todos assentados a mesa, no canto da sala uma tv com volume baixinho parecia falar sozinha, quando no jornal uma chamada no mínimo estonteante: REVIRAVOLTA NO CASO SOPHIA, o namorado que era réu confesso, afirma que sequer estava próximo a Sophia na manhã chuvosa em que ela foi morta.
Imediatamente Raul aumenta o volume da televisão e diz: - Eu falei que não era ele.
O silêncio paira no ar, a polícia reconhece o equívoco e afirma estar sem pistas de quem pudesse ser o assassino.
Francis reclama com o irmão e pede para baixar o volume e terem um pouco de paz na hora do almoço.
Raul abaixa o volume da televisão, o silêncio toma conta de todos, entreolhares arrazoamentos internos, as mentes estavam ali voando no recinto, quando a doce Catarina, quebra o silêncio e diz: - Carlo me diga, você estava no local do crime, voce deve ter visto o criminoso, conte para nós o que viu.
Todos pararam de comer e ficaram olhando para Carlo, que fica corado e responde: - foi tudo muito rápido não deu para ver muita coisa. Apenas posso concordar com o jornal, não deve ter sido mesmo o namorado.
Ted, interrompe a Carlo e diz: - sério que você viu o assassino? Eu não disse isto - respondeu Carlo, o que eu disse foi que concordo com o jornal, apenas isto.
O almoço encerra-se num silêncio assombroso, não falaram mais nada apenas trocaram olhares e terminaram o almoço.
Passem para a sala vou lhes preparar um café pediu docilmente a irmã Catarina. Os homens dirigiram-se para a sala, a mulheres foram para a cozinha, entre louças café e gargalhadas parecia tudo estar normal na cozinha, mas na sala, o desconforto era nítido, o Capelão Guillermo, pede desculpas a Carlo, mas gostaria de insistir no caso Sophia.
Carlo acena com a cabeça dando sinais de que estava disposto a falar sobre o assunto.
O Pastor Guillermo pergunta a Carlo: diga-nos o que exatamente aconteceu ontem no metrô?
Bem pastor, diz Carlo, como vocês sabem eu moro no extremo da zona leste de São Paulo, pego o metro em Itaquera, e venho até a estação da Luz, lá faço baldeação e por fim chego na estação Carandiru desço e pego o ônibus até aqui na Igreja, tudo aconteceu na estação Luz, eu estava me preparando para descer na estação quando começaram a empurrar e gritar: ELE TEM UMA ARMA, CUIDADO! A correria foi enorme, crianças caindo no chão, mães tentando proteger os seus infantes, amigos, maridos tentando ajudar, quando ouvimos o estampido de bala; por mim passa o marginal que estava salpicado de sangue rumo as escadarias, ele estava com uma blusa de gorro, boné óculos escuros, calça de moletom a mulher caída no piso do vagão do metrô corria muito sangue, ela lutava por ar, mas seus brônquios estavam ensanguentados, logo deu um ultimo suspiro e morreu. Foi tudo o que vi, os guardas do metro pediram para que todos saíssem, mas antes tivemos que deixar nossos nomes e um telefone de contato com um policial.
O Pastor insiste com ele: - Então quer dizer que você pode ser chamado para depor? Acho que sim respondeu Carlo, mas o que iria depor eu não vi quase nada estava de costas virado para a porta. O pastor concorda com a cabeça.
Com um belo sorriso matriarcal, a doce irma Catarina, rompe sala a dentro dizendo: - Olha o cafezinho, o sorriso foi contagiante todos quebraram aquele momento de tensão e sorriram pois sabiam que era impossível que o café viesse sozinho eles sempre vinham acompanhado de uma bolachinha que ela mesmo fazia. Na verdade era quase que um segundo almoço. Mas o que Carlo queria mesmo era continuar as estórias com o Capelão.
Carlo toma apressadamente o café e diz para o Capelão: - Vamos continuar pastor nossa conversa? Mas o pastor diz: - Oh meu irmão, daqui a pouco teremos culto e preciso me preparar, estou com umas ideias ótimas para a mensagem de hoje, então acredito que só conseguiremos terminar amanhã, me desculpe mas se você quiser, fica aqui e durma em casa começaremos amanha bem cedo, Carlo agradece mas prefere ir para sua casa.
Trecho extraido do livro: QUEM MATOU SOPHIA?
do Pastor e Doutor Wagner Teruel
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