sexta-feira, 16 de agosto de 2019

A enigmática expressão


A enigmática expressão

Estou escrevendo no dia de hoje, e ouvindo o Arautos do Rei cantando:
Guarda, vê se muito falta
Para o dia alvorecer
Vai a noite ainda alta.
Ou já vem o amanhecer?
-Viajor, ó, sim desperta
Ao romper do Arrebol!
Fica em pé e põe-te alerta,
Eia, pois que surge o Sol

Guarda, vê a luz nascente
Anunciando o jubileu
Alça a Voz, alegremente,
Faz vibrar o próprio céu
Logo os justos falecidos,
Imortais ressurgirão
Ao soar aos seus ouvidos
O clarim da redenção

Guarda, vê a Terra linda,
Frutos, flores, sem rival
Vê o Rei em glória infinda,
Vê o mar como um cristal!
Ouve as harpas, que harmonia!
Houve as hostes a cantar!
Peregrino, que alegria!
Vais em breve para o lar

Talvez esta tenha realmente sido a canção após a quebra do silencio, aguardar a tarde e a manhã do dia primeiro, Deus em sua primorosa sabedoria, prepara seus anjos e servos para o segundo dia.

Por seis vezes esta simpática e um tanto enigmática expressão aparecerá no relato do capítulo primeiro de Gênesis, servindo de marcador para não nos perdermos na agenda da criação.

Por muito tempo fiquei a imaginar porque Deus inspirou o texto deste modo particular: tarde e depois manhã. Na minha limitadíssima capacidade de compreensão eu achava que o correto e mais natural seria falar "e foi manhã e tarde...", já que intuitivamente, entendemos que o dia começa com a manhã e termina com a noite. Simples sem dúvida. Mas muito óbvio também.

Entendo agora que o propósito divino não foi apenas o de nos manter por dentro de Seu roteiro de trabalho, mas também o de compartilhar algo de Seu caráter. Devemos notar que, após cada declaração "e foi tarde e manhã" segue-se a enumeração do dia transcorrido.

A narrativa de Gênesis toma a liberdade de mudar um pouco esta convenção, para estabelecer que o dia anterior estava "oficialmente" encerrado e que um novo se iniciava.

Deus quer nos ensinar que Ele não operou nada durante o turno da noite, ou em outras palavras: a tarde transformou-se em manhã e o dia de ontem foi encerrado.
É claro que "não operou nada" é relativo. O ser de Deus está sempre em continua atividade. Mas fica subentendido que a atividade criadora aconteceu apenas sob a luz do dia, exceto obviamente no primeiro dia, que é quando esta distinção foi estabelecida.

E o que Deus quer mostra-nos de Seu caráter com isto?

Jesus certa vez afirmou "Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar."(Jo.9:4).
Quando Deus organizou o Universo para que a Terra experimentasse períodos de luz e de trevas foi para ensinar que a realidade era uma realidade dividida. Quando a Terra foi criada, como já falamos a rebelião de Lúcifer já tinha acontecido. Ele com seu anjos caídos já perambulava na terra, isto explica a iniciativa divina de estabelecer uma firme divisão entre luz e trevas (Gn.1:4).

Ou seja: Deus que nos mostrar que Ele não faz nada nas trevas. Toda Sua obra é às claras, na visibilidade, sem acobertamento. Não é para menos que um de Seus títulos é "Pai das Luzes" (Tg.1:17).

E é também digno de nota a declaração paulina: "Porque, todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas."(ITs.5:5).




Trecho extraido do livro: E DEUS QUEBROU O SILENCIO
ja disponivel em www.itsteologia.com.br

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