domingo, 24 de março de 2013

A FILHA DE JEFTÉ

A filha de Jefté "...E Jefté fez um voto ao Senhor e disse: Se totalmente deres os filhos de Amon na minha mão, aquilo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro, voltando eu dos filhos de Amon em paz, isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto..." (Jz.11.30-31). Em poucas palavras, Jefté, o nono juiz de Israel, deixou um grande problema para os hermeneutas modernos: Sua filha (a bíblia não revela seu nome), foi oferecida em sacrifício de fogo? Há duas correntes de pensamento acerca deste assunto: . "Houve o sacrifício da vida da jovem, mas que o voto que gerou esse fato foi impensado e que Deus, apesar de dar a vitória a Jefté, não aceitou o sacrifício (que assemelhava-se ao usado no culto pagão)"; . "Esse sacrifício deve ser compreendido à luz do conceito posteriormente desenvolvido pelo apóstolo Paulo - de que todos devemos nos oferecer a Deus como sacrifício vivo (Rm 12.1)". A primeira corrente de pensamento argumenta: a) Jefté foi influenciado pelo paganismo, pois morou em Tobe, uma região da Síria (Juízes 11. 3); b) A proibição contra sacrifícios humanos não era cem por cento obedecida; c) O rei Manassés ofereceu os filhos em holocausto (II Crônicas 33. 6); d) O sacrifício de Isaque (não consumado), serve de precedente para o oferecimento de pessoas em holocausto, em situações especiais; e) Jefté era um homem violento, já que ganhava a vida atacando pessoas. Seu passado o condenava, portanto, ele bem poderia ter oferecido sua filha em holocausto; f) No hebraico o termo holocausto é Olah, que significa um sacrifício de sangue totalmente consumido no altar pelo fogo. A segunda corrente de pensamento surgiu na Idade Média. Foram tentativas bem intencionadas de suavizar o texto bíblico: a) Deus jamais aceitaria um sacrifício humano; b) O voto de Jefté foi feito sob a inspiração do Espírito Santo. Diz o texto sagrado: "Então o Espírito do Senhor domi- nou Jefté..." (Juízes 11. 29a - NTLH). O Espírito Santo inspiraria alguém a fazer um voto que tivesse a ver com sacrifícios humanos?; c) Sacrifícios humanos foram expressamente proibidos por Deus (Lv 18: 21; 20:1-5; 2Cr 33:6); d) A filha de Jefté pediu para chorar sua virgindade (no hebraico betulim), não sua morte. "E Jefté deixou que ela fosse por dois meses. Então ela e as suas amigas saíram pelas montanhas, chorando porque ela nunca chegaria a ser mãe" (Juízes 11. 38 - NTLH); e) O sacrifício de Isaque não serve de precedente, já que Deus o impediu de consumar o ato (Gn. 22. 11 e 12); f) Não existe nenhuma evidência que algum israelita tenha oferecido um sacrifício humano antes da época de Acaz (743-728 a. C); g) A frase "ela não conheceu homem algum" seria sem sentido se ela tivesse morrido. Certamente a filha de Jefté foi dedicada ao serviço do Senhor, à porta do tabernáculo. Ela continuou vivendo como virgem todos os dias da sua vida. Alguns comentaristas advogam que Deus aceitou sacrifícios humanos. "Porém tomou o rei os dois filhos de Rispa, filha de Aiá, que tinha tido de Saul, a saber, a Armoni e a Mefibosete, como também os cinco filhos da irmã de Mical, filha de Saul, que tivera de Adriel, filho de Barzilai, meolatita. E os entregou na mão dos gibeonitas, os quais os enforcaram no monte, perante o SENHOR; e caíram estes sete juntamente; e foram mortos nos dias da sega, nos dias primeiros, no princípio da sega das cevadas" (II Sm 21. 8 - 9). A expressão "perante o Senhor" não significa que Deus aceita sacrifícios humanos. O texto fala de homens que pecaram e foram executados pelos seus inimigos. "E clamou contra o altar com a palavra do SENHOR e disse: Altar, altar! Assim diz o SENHOR: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti" (I Reis 13. 2). "E sacrificou todos os sacerdotes dos altos, que havia ali, sobre os altares, e queimou ossos de homens sobre eles; depois, voltou a Jerusalém" (II Reis 23. 20). Estes dois trechos bíblicos trazem o termo sacrificar, porém, com um outro significado. No hebraico o termo é zabach, e significa matar, executar, exterminar. Está em foco uma execução, não um sacrifício. Você pegou até seus próprios filhos e filhas, que você havia gerado para mim, e os sacrificou, para que essas estátuas os devorassem. Como se as suas prostituições não fossem o bastante, você ainda matou meus filhos, e os entregou para serem queimados em honra dessas estátua (Ezequiel 16. 20 - 21). O contexto deste trecho é categórico: "Faze conhecer a Jerusalém as suas abominações" (Ez. 16. 2). Deus está condenando o povo, não sancionando sacrifícios humanos. "Não atrase em oferecer de sua abundância e de sua fartura. Entregue a mim o seu filho primogênito; faça o mesmo com seus bois e ovelhas: a cria ficará com sua mãe durante sete dias e, no oitavo, você a entregará para mim. Vocês estão consagrados a mim: não comam carne de animal que tenha sido dilacerado no campo; joguem para os cães". (Êxodo 22. 28 - 30). A frase entregar a Javé não significa sacrifício. Está em foco dedicação ao Senhor, não sacrificar ao Senhor. Deus não aceita sacrifícios humanos! Jefté fez uma escolha e pagou caro: o sacrifício da própria filha! Deus não pediu absolutamente nada a Jefté. Ele concedeu a vitória de forma gratuita, sem pedir nada em troca. Jefté foi precipitado e inconseqüente! O voto de Jefté nos traz preciosas lições: Não faça votos, campanhas, sem ao menos saber se tais ações são corroboradas pela palavra de Deus; Fique somente com a palavra de Deus, Esqueça misticismos e sincretismos desnecessários a fé cristã. "Mudança de vida, soluções dos vários problemas não são alcançadas porque fizemos votos ou campanhas. Mas porque nos dobramos humilhados em obediência à inerrante Palavra de Deus, e nos deixemos ao moldar do Espírito Santo. A Palavra diz que Ele nos transformará até chegar à medida da estatura de Cristo (Fp. 1:6), e para isso Ele usa a Palavra" (Ef. 4:11-16). Bem deixemos um pouco a historiologia, e a cosmovisão de Jefté e sua filha e olhemos agora para a Igreja, sim, pois a mulher na Bíblia é um tipo da Igreja. Uma Igreja cheia de vida, cheia de sonhos, fadada a um sacrifício alheio, fadada a um preço que ela não se dispôs a pagar, mais por respeito, por humildade e acima de tudo por obediência se dispôs a pagar o preço imposto por seu pai. Não nos parece a mesma coisa hoje, Jesus ao manifestar-se em carne impôs a Igreja um sacrifício que não estávamos dispostos a pagar, qual nosso sacrifício? Evangelizar, o ide por todo o mundo, não é uma sugestão é um sacrifício que eu e você temos que pagar, quantas vezes estamos simplesmente no bosque chorando nossos sonhos frustrados, nossa “pseudo-virgindade” nos reunimos com nossas amigas jovens para cantarmos canções em volta de uma fogueira, em vigílias de louvor, para desfrutarmos de momentos de Stand Up Comedy Gospel apenas para nos divertirmos, porem, o sacrifício decretado pelo nosso Pai é sacrifiquem-se. O primeiro que sair sacrificarei. Qual a importância desta frase? É que não seria o ultimo, o do meio, seria o primeiro. Isto quer nos dizer que a primeira coisa que devemos oferecer a Deus é nosso sacrifício vivo, de ganhar almas, abrir mão de nossos preceitos, vergonhas etc, e trabalharmos para o Senhor Deus. Estive me perguntando por que será que os milagres estão tão escassos, minha opinião é que estávamos sem poder, porem, ao me deparar com algumas situações de testemunhos, pude observar que não, não é falta de poder, e sim, falta de oportunidade, os que estamos aqui somos lavados e remidos em Cristo Jesus, a maioria já tem a revelação do Nome de Jesus, o que nos falta então? Falta-nos pecadores, aqui para serem salvos, curados, libertos, por isto, choremos hoje nosso sacrifício e nos sacrifiquemos amanhã, pois o nosso Pai Celestial há de cumprir o sacrifício através de nós.

Um comentário:

Paulo Palma Ramos disse...

Olá,
também escrevi, em tempos, um artigo sobre este assunto:
http://quem-escreveu-torto.blogspot.pt/2012/01/jefte-sacrifica-filha.html

Saudações
Paulo Ramos