quinta-feira, 12 de março de 2015

A Batalha do dia do Senhor



A Batalha do dia do Senhor

O que nos aguarda no futuro? É evidente que os grandes profetas consideravam que a esfera da ação de Deus não era só o passado e o presente, mas também o futuro que pertence igualmente ao Senhor. As visões dos profetas incluem cenas de mudanças dramáticas, de castigos catastróficos que, por sua vez, marcam o começo de algo totalmente novo. Por essa razão, o desastre futuro não é só e meramente o ponto final da historia do mundo, mas que equivale às dores de parto, anunciando o começo de uma nova vida (Is.26:17; Mc.13:8).
Na escatologia nos fala de três dias específicos (considerados como períodos):
1 - O dia do homem: é o dia da salvação, dia de oportunidade.
2 - O dia do Senhor e o dia de Cristo: é dia do arrebatamento da Igreja e de tribulação para Israel, e de castigo para os gentios (conforme o pré-milenismo).
3 - O dia de Deus: é o dia quando  "os céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se derreterão"(IIPe.3:12). Inicia-se no dia do juízo final, e talvez (conforme o amilenismo ou pós-milenismo), o dia do fim (ICo.15:24), quando "Deus será tudo em todos"(ICo.15:28).
No dia de hoje, especificamente trataremos sobre o dia do Senhor, pois ele tem um horizonte cronológico estreito (Is.22:5; Jr.45:10), a intervenção divina é sempre “O DIA DO SENHOR”, e várias circunstancias e acontecimentos antecipam o que será a grandiosa e final atuação divina. Por tudo isto, se empregarmos a palavra “ESCATOLOGICA” ao tratarmos estas passagens, o faremos conscientes de que daremos ao termo um significado diferente do comum das outras disciplinas teológicas.
Quem estudou “O DIA DO SENHOR” tratou de analisar as idéias e os temas principais que aparecem nas Sagradas Escrituras e sua relação com outras partes do AT.
Os resultados destes esforços são duas concepções opostas.
1 – Guerra Santa: de acordo com a analise de Gerhard Von Rad, ele, mantem que “O DIA DO SENHOR” supõe uma nova intervenção divina na “GUERRA SANTA”, que ocorreu depois do Exodo do Egito e que terminou com a conquista de Canaã. Evidentemente, os profetas às vezes olhavam ao passado quando se tratava de dizer o que ia acontecer, e assim é possível interpretar Isaias 9:4 à luz de Juizes 7, ou ainda Isaias 28:21 sobre a base de 2 Samuel 5:20; alem disso, fica claro que as descrições da “GUERRA SANTA” do passado um certo numero de detalhes milagrosos, por exemplo Ex.14:20; Js.10:11; 1Sm.7:10.
2 – Repetição da Festa dos Tabernáculos: de acordo com Sigmund Mowinckel ele afirma que o DIA DO SENHOR, é apenas uma repetição da festa dos tabernáculos, quando os israelitas celebravam a cada outono o começo do Ano Novo e a subida ao trono do Senhor; o DIA DO SENHOR era a repetição escatológica deste festival, ou seja, a definitiva entronização divina. Para Mowinckel, isto significaria que o núcleo da escatologia hebraica era a idéia do Senhor como Rei. Vencendo definitivamente Baal.
A pesquisa européia se mostrou especialmente contraria a idéia de Mowinckel de um festival de intronização recusando assim algumas de suas sugestões; os que se opõem frontalmente as idéias de Mowinckel prestaram pouca atenção aos textos que efetivamente apresentam Deus como Rei. Nossa postura será concentrar-nos no inegável, o tema de Deus como Rei, que constitui um dado sobre o que todos estão de acordo.
É um fato que algumas passagens da Sagrada Escritura se referem ao DIA DO SENHOR, ou simplesmente ao “DIA”, também falam claramente de Deus como Rei (Ob.15-21; Mq.4:6-8; Sf.3:11-15; Zc.14:6-9). Nesta nossa serie de estudos vimos o conceito monárquico de Deus que está sempre e especialmente associado ao acontecimento da batalha contra o caos, realeza, templo e cabe perguntar se as passagens escatológicas do AT. também contem traços da mesma estrutura.
Um antigo refrão sustenta que uma pergunta inteligente provoca uma resposta inteligente. Usando nossa pergunta, encontraremos rapidamente a rota das passagens sobre o DIA DO SENHOR que conduz àqueles outros que tem a ver com a batalha da criação e com o combate por Sião: no final dos tempos terminará a longa luta contra os poderes do caos que o Rei Batalhador empreendeu desde a criação do mundo; o juízo e a consumação de todas as coisas são consequencias das origens.
Agora, passaremos a ver até que ponto a realeza do Senhor está relacionada com a batalha contra o caos ou com o templo como o local onde se manifesta especialmente a presença divina.

1 – O Apocalipse de Isaias: dos capítulos 24 ao 27 do livro de Isaias são chamados de Apocalipses de Isaias, um nome que implica que existe certa similitude entre estes capítulos, o Apocalipse de João e outras obras semelhantes. Seu conteúdo é difícil de interpretar; em Isaias 24 é descrita a destruição da terra sob os pés dos seus habitantes (v.5; Jr.5:24-25), e é de especial interesse Isaias 24:21-23, que narra uma batalha cósmica na qual o Senhor Julga “o exercito do alto, no alto, e os reis da terra, na terra”, seguida de uma proclamação da realeza divina. “A lua ficará confusa, o sol se cobrirá de vergonha, porque YHWH dos Exercitos reina no Monte Sião e em Jerusalem (v.23).
Notemos que a realeza de Deus é associada ao Monte Sião, a montanha sagrada: os três versos contem uma versão, em miniatura, da complexa sucessão batalha – reinado – templo.
Já Isaias 25 oferece uma descrição da festa final: “...Neste monte o Senhor dos Exércitos preparará um farto banquete para todos os povos, um banquete de vinho envelhecido, com carnes suculentas e o melhor vinho...” (Is.25:6 NVI).
A referencia a “este monte” aponta ao que foi dito em Isaias 24:23, em que se descreve o mandato real do Deus no monte de Sião, e a descrição do convite escatológico deve ser entendida em relação ao reinado do Senhor, a festa no monte Sião é apenas o banquete da coroação divina.
Tudo isso, entretanto, não deve ser tomado como se a Bíblia desse a entender que houve um tempo no qual Deus não foi rei, pelo contrario a realeza divina provem da sua batalha no começo do tempo, quando, como Criador, derrotou as forças do caos; da mesma forma acontecerá nos últimos dias, ou seja, a realeza divina se manifestará claramente a todos. Esta idéia pode ser comparada com a idéia do Apocalipse, em que se afirma que o ato final de Deus será: “TER COMEÇADO A REINAR” (Ap.11), ainda que no começo do livro se descreve uma visão de Deus em seu trono (AP.4). Portanto, o ato final do drama será a revelação definitiva e universal da soberania que Deus teve desde sempre.
No capitulo final do Apocalipse de Isaias são encontradas estas palavras:

“...Naquele dia, o Senhor com sua espada severa, longa e forte, castigará o Leviatã, serpente veloz, o Leviatã, serpente tortuosa; matará no mar a serpente aquática...” (Is.27:1 NVI).

Portanto, o drama final será uma repetição do primeiro acontecimento da criação, basicamente, os poderes contrários a Deus que aparecem no conflito final são meras reencarnações dos seres que representam, nas passagens sobre a Criação, o mal mais monstruoso. O Apocalipse de Isaias se centra numa serie de afirmações sobre a coroação do Senhor e sobre a batalha contra os poderes do mal, e quando certos textos extra-bíblicos afirmam que o que se servirá no banquete da coroação será o Leviatã e Beemot (o monstro de Jó 40:15-24), isso deve ser uma manifestação da confiança em que a vitoria final está nas mãos do Senhor: “A MORTE SERÁ DEVORADA NA VITÓRIA”.

O tema da ressurreição aparece também nestes capítulos de Isaias principalmente no capitulo 26:7-21, e no versículo 19 em particular: o morto receberá nova vida, os que jazem no pó se levantarão e nascerão da terra aqueles que estavam dormindo. Como no resto deste Apocalipse, Deus é rei e a promessa da ressurreição não é um fenômeno isolado; isto é especialmente evidente quando recordamos expressões semelhantes da coroação divina em Sião (Is.25:6-8) e a descrição de como Deus arrancará o véu que envolvia todos os povos e a cortina que se estendia sobre todas as nações (Is.25:7). No AT., o véu no rosto expressa luto (Et. 6:12; 2Sm.15:30; Jr.14:3-4), e que esse é o costume aludido se deduz da seguinte passagem: “...destruirá a morte para sempre. O Soberano Senhor enxugará as lágrimas de todo o rosto e retirará de toda a terra a zombaria do seu povo. Foi o Senhor quem disse!...” (Is.25:8 NVI).
Luto, morte, lagrimas: um dia a criação será livre de todos eles. A exposição da temática de Is.24-27, permite descobrir que a origem da crença do AT. na ressurreição é apenas a fé em Deus-rei e a certeza da sua onipotência.
Os capítulos 24 ao 27 de Isaias tratam, pois, da manifestação final de Deus e de como enfrentará definitivamente os poderes do mal, que são apenas os que combatem na batalha da criação. as marcas da vitoria final de Deus são as palavras de triunfo que narram a libertação para sempre da morte. Em Isaias, o final do mundo tem o caráter de uma repetição do combate de Deus contra os poderes do caos, ainda que a historização desse motivo também está na forma de batalha por Sião, o combate que acontece quando Deus se enfrenta com aqueles que tratam de apoderar-se de Sião. Vamos nos ocupar agora de outras passagens escatológicas nas quais a segurança de Sião e o combate por ela desempenham um papel importante já que se menciona expressamente o caráter real de Deus.

2 – Analise de Zacarias 14: Este relato do DIA DO SENHOR descreve um imenso combate, quando os povos se levantam contra Jerusalem (v.1-3). E Deus intervem antes que a cidade caia em suas mãos (v.3,12-15). Trata-se deu uma repetição do tema dos Salmos de Sião, que estudamos a semana passada, nos quais o Deus Guerreiro defende sua cidade do assalto do inimigo, e o tom é o mesmo destas composições. “...Nações se agitam, reinos se abalam; ele ergue a voz, e a terra se derrete...” (Sl.46:6 NVI). Trata-se pois, do motivo da criação transformado na batalha dos povos, um tema que torna a aparecer nos capítulos finais do livro de Zacarias, em cujo contexto devem ser entendidas as referencias ao Senhor como rei:
“...O Senhor será rei de toda a terra. Naquele dia haverá um só Senhor e o seu nome será o único nome...” (Zc.14:9 NVI).
“...Então, os sobreviventes de todas as nações que atacaram Jerusalém subirão ano após ano para adorar o rei, o Senhor dos Exércitos, para celebrar a festa das Cabanas...” (Zc.14:16 NVI).

3 – Analise do livro de Sofonias 1: Sofonias 1 contem a classica descrição do DIA DO SENHOR, como O DIA DA IRA (v.15), mas notemos que o Deus irado não é um déspota (adj. Que chefia, dirige ou governa de modo completamente autoritário; que é capaz de exercer sua autoridade de modo opressor; despótico; Que se comporta de maneira tirânica para obter o poder completo; tirano; P.ext. Que demonstra autoridade ou tirania; P.ext. Que se utiliza da autoridade opressora para dominar.; P.met. Que demonstra autoritarismo em quaisquer circunstâncias; autoritário.; s.m. Indivíduo que possui as características acima citadas; governante opressor; Pessoa cujo gênio é autoritário e dominador; Quem gosta de dominar por completo: déspota do xadrez; História. Na Igreja ortodoxa oriental, o bispo ou patriarca; Designação do príncipe ou chefe militar, na Renascença italiana; Déspota Esclarecido. Indivíduo cujo governo segue a doutrina do despotismo esclarecido; (Etm. do grego: despótes.ou)); a cólera divina se deve ao fato que neste dia se julgará o pecado (v.4,9,17).
A relação entre o DIA DO SENHOR em Sofonias 1 e o tema de Sião se faz claro em Sofonias 3, que contem uma longa cena escatológica em torno da segurança de Sião (v.9,20):
“...Cante, ó cidade de Sião; exulte, ó Israel! Alegre-se, regozije-se de todo o coração, ó cidade de Jerusalém! O Senhor anulou a sentença contra você, ele fez retroceder os seus inimigos. O Senhor, o Rei de Israel, está em seu meio; nunca mais você temerá perigo algum...” (Sf.3:14-15 NVI).

Alguns versos, mais adiante, tem palavras que lembram às dos Salmos 24 e 26:


“...O Senhor, o seu Deus, está em seu meio, poderoso para salvar. Ele se regozijará em você, com o seu amor a renovará, ele se regozijará em você com brados de alegria"...” (Sf.3:17 NVI).

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